O futuro embaixador dos Estados Unidos na Argentina, Peter Lamelas, afirmou nesta terça-feira (22) que irá apoiar Javier Milei nas próximas eleições e que atuará para tirar espaço da China no país e para garantir que a ex-presidente Cristina Kirchner “receba a justiça que merece”.
“Nós precisamos continuar apoiando a presidência de Milei durante as eleições de meio de mandato e do próximo mandato para construir uma melhor relação entre nossos dois países”, afirmou Lamelas, em sabatina na Comissão de Relações Exteriores do Senado americano.
Cubano de nascimento, que migrou com a família quando pequeno para os EUA e se tornou empresário, Lamelas afirmou ainda que um dos seus papéis como embaixador será fazer pressão contra a presença da China na Argentina.
“Os Estados Unidos têm que atuar como um contra-peso contra o Partido Comunista da China, precisamos incentivar mais bens e serviços americanos”, disse, qualificando a venda recente de caças F-16 para a Argentina, com tecnologia dos EUA, como “fantástica”.
Lamelas expressou que um dos “desafios” no país sul-americano é que cada um dos 23 governadores pode fazer acordos com a China, o que ele alega que poderia facilitar a corrupção.
“Um dos meus papéis como embaixador seria viajar para todas as províncias, ter diálogos e uma verdadeira parceria com os governadores”, disse, afirmando que esta seria uma ação para “expulsar a corrupção”.
Segundo ele, um dos seus objetivos no posto será aumentar o comércio entre os países e os investimentos americanos na Argentina. Atualmente, os EUA têm cerca de 2,1 bilhões de dólares de superávit com o país de Milei, que já disse almejar um acordo de livre comércio com Trump.
“Eu tenho pouco a ver com as tarifas, isso é responsabilidade do responsável de comércio dos Estados Unidos, mas posso diminuir as barreiras comerciais não tarifárias que possam existir”, disse.
Citando problemas como controle de câmbio e atrasos aduaneiros, Lamelas afirmou ter um plano de ação para aumentar o comércio bilateral, que, segundo ele, “irá tirando a China [do país], pouco a pouco”.
Paralelamente, ele disse esperar que Trump defina “a tarifa correta” para os produtos argentinos.
O novo embaixador nomeado por Washington também afirmou que irá apoiar Milei para “ir a fundo” na investigação que tenta determinar os responsáveis pelo ataque à bomba contra a Associação Mutual Israelita da Argentina (Amia), que deixou 85 mortos e centenas de feridos em 1994.
Lamelas também se referiu à ex-presidente Cristina Kirchner, recentemente condenada a seis anos de prisão e foi proibida de forma vitalícia de exercer cargos políticos.
“Se ela não fosse política, ela estaria na prisão. Ela está em prisão domiciliar por algum tipo de ‘favoritismo político’ que está ocorrendo lá”, disse.
O novo embaixador afirmou – sem apresentar provas – que a ex-presidente “definitivamente” está envolvida no encobrimento dos responsáveis pelo atentado à Amia. “Acho que temos que continuar investigando quem são os responsáveis pelas bombas (…) e garantir que Cristina Fernández de Kirchner receba a justiça que merece”, expressou.
Reações
As declarações do futuro embaixador de Trump geraram reações na Argentina. Nas redes sociais, Kirchner fez referência à doutrina intervencionista do ex-presidente dos Estados Unidos James Monroe.
“Como se não tivéssemos um poder judicial suficientemente telecomandado, nos mandam um novo promotor plenipotenciário diretamente de Mar-a-Lago. Só faltou dizer que ele mesmo ia nomear tribunais. Nem Monroe se atreveu a tanto”, escreveu.
O Partido Justicialista, do peronismo, expressou repúdio às declarações do futuro embaixador “por violar o princípio de não interferência em assuntos internos de outros Estados, ao se intrometer gravemente” na política argentina.
Fonte: CNN Brasil