O Hamas apresentou sua resposta à última proposta de cessar-fogo, e Israel afirma estar analisando o documento. Enquanto isso, o enviado especial dos Estados Unidos, Steve Witkoff, deve realizar conversas com autoridades israelenses na Itália.
Os palestinos em Gaza enfrentam um estado de fome generalizada devido ao bloqueio de Israel, alertou o chefe da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom.
Imagens de crianças esqueléticas surgem cada vez mais no território palestino, com o Ministério da Saúde local alertando que 900 mil crianças passam fome, sendo que 70 mil apresentam sinais de desnutrição.
Israel negou gerar fome em Gaza e acusou o Hamas de “manipular” a escassez de alimentos, porém mais de cem organizações de ajuda humanitária instaram Israel a permitir o fluxo completo de alimentos e água potável para a região.
A população da Faixa de Gaza enfrenta a fome enquanto supermercados próximos em Israel estão abastecidos com alimentos, alertou na quinta-feira (24) a UNRWA, principal agência das Nações Unidas que fornece serviços essenciais para refugiados palestinos.
“As pessoas estão sendo privadas de comida, enquanto a poucos quilômetros de distância os supermercados estão carregados de alimentos”, escreveu a UNRWA no X.
A agência disse que tem milhares de caminhões em países vizinhos, aguardando sinal verde para entrar.
Sem nomear Israel, o comunicado exigiu que o “cerco” seja levantado e a ajuda seja permitida “em larga escala”.
Fome em massa causada por bloqueios de Israel
Os palestinos em Gaza estão sofrendo uma “fome em massa” provocada pelo homem devido ao bloqueio de ajuda ao território, alertou o Diretor-Geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, aos repórteres em uma coletiva na quarta-feira.
A resposta de Tedros foi inequívoca quando perguntado se concordava com uma declaração desta semana de mais de 100 organizações de ajuda de que Gaza está experimentando “fome em massa”.
Anteriormente na coletiva, um dos colegas do chefe da OMS expressou reservas sobre o uso do termo.
“Isso é por causa do bloqueio”, expressou ele. “E então, claro, há uma abertura agora, mas não é suficiente. É apenas um gotejamento e as pessoas estão morrendo de fome”.
O chefe da OMS apontou para um relatório da ONU desta semana observando que mais de mil palestinos foram mortos buscando ajuda desde o final de maio, centenas deles em locais gerenciados pela Fundação Humanitária de Gaza, apoiada por Israel e EUA.
A organização disse em comunicado que as estatísticas da ONU são “falsas e exageradas”.
Negociações de paz
O Hamas disse na manhã desta quinta-feira (24) que apresentou uma nova resposta aos mediadores do cessar-fogo, vários dias após o grupo militante receber a última proposta de cessar-fogo e libertação de reféns.
Na quarta-feira (23), uma fonte egípcia disse que negociadores do Catar e do Egito solicitaram que o grupo apresentasse uma proposta revisada após rejeitar um rascunho anterior.
Pontos de discordância: Na semana passada, os Estados Unidos pressionaram com sucesso Israel para abandonar objeções à retirada de tropas de um corredor no sul de Gaza, segundo duas fontes familiarizadas com as negociações informaram.
Esta semana, os Estados Unidos comunicaram ao Hamas que está perdendo a paciência e que o grupo deve logo fornecer uma resposta ao último rascunho para um acordo de cessar-fogo e libertação de reféns, acrescentaram as fontes.
Ambas as fontes informaram que os EUA, Catar e Egito — os principais mediadores nas negociações de cessar-fogo — estavam exercendo forte pressão sobre o Hamas para alcançar um acordo.
“Não temos tempo”, exclamou uma delas, apontando para o alto número diário de mortes em Gaza e as condições humanitárias em deterioração.
Queda na entrega de ajuda humanitária
O diretor do Hospital Al-Ahli no norte de Gaza pediu para aumentar a entrada de ajuda humanitária enquanto a fome se espalha pela Faixa.
Na quarta-feira (23), cerca de 70 caminhões foram descarregados nos postos de ajuda, e mais de 150 foram recolhidos pela ONU e organizações internacionais do lado palestino da fronteira, segundo o COGAT, a agência israelense que gerencia o fluxo de ajuda para Gaza.
Antes da guerra começar em 7 de outubro de 2023, uma média de 500 a 600 caminhões entravam em Gaza todos os dias, segundo asas Nações Unidas.
A declaração de Naim vem em meio a contínuos alertas de agências de ajuda sobre grave escassez de alimentos e fome generalizada no território.
A ONU afirma que mais de mil pessoas foram mortas por forças israelenses enquanto buscavam comida desde o final de maio, quando um controverso grupo de ajuda apoiado por Israel e EUA, a Fundação Humanitária de Gaza (GHF), começou a operar.
Desses, centenas morreram perto dos locais da GHF, segundo a ONU.
A GHF foi criada para substituir o papel há muito estabelecido da ONU na distribuição de ajuda em Gaza e tem sido amplamente criticada por não fornecer acesso adequado e seguro aos suprimentos desesperadamente necessários.
Na terça-feira, o ministério da saúde de Gaza disse que 900 mil crianças estão passando fome, e 70 mil já mostram sinais de desnutrição.
Fonte: CNN Brasil