A reunião de ministros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) terminou nessa quarta-feira (4/12) com a promessa da aliança de aumentar o apoio militar para a Ucrânia, mas frustrando planos do presidente Volodymyr Zelensky com relação à entrada do país no bloco.
O evento aconteceu entre os dias 3 e 4 de dezembro na capital da Bélgica, Bruxelas. O encontro reuniu ministros das Relações Exteriores da Otan, composta atualmente por 32 membros.
Antes da cúpula, o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, já havia sinalizado que uma possível adesão da Ucrânia não seria tema prioritário da reunião, apesar de esse ser um pedido de longa data do presidente Zelensky.
Rutte voltou a repetir o posicionamento de seu antecessor, Jens Stoltenberg, e afirmou que o futuro da Ucrânia está na Otan. O ex-premiê da Holanda, no entanto, disse que a prioridade no momento é que os países da aliança “façam mais” pelos ucranianos e aumentem o apoio militar a Kiev.
Segundo o chefe da Otan, armar ainda mais a Ucrânia é a única forma de garantir que o país liderado por Zelensky mude os rumos do conflito, e coloque os ucranianos em uma “posição de força” na hora de negociar a paz com Vladimir Putin. Na visão da aliança, isso permitirá que a Ucrânia “possa obter o que quer” na hora das discussões com a Rússia.
Entrada da Ucrânia na Otan fica para depois
Apesar das promessas quanto ao ingresso da Ucrânia na Otan, a reunião em Bruxelas terminou com o mesmo clima de encontros anteriores que discutiram o assunto: o de que uma possível entrada dos ucranianos na aliança não deve acontecer enquanto a guerra contra a Rússia continuar.
Esta é mais uma derrota para Volodymyr Zelensky, que desde o início do conflito diz que a entrada de seu país na aliança é a única forma de impedir agressões do lado russo. A aproximação entre Ucrânia e Otan, no entanto, foi apontada por Putin como um dos fatores para o início do conflito em 2022.
No fim de novembro, o presidente ucraniano sinalizou que pode aceitar um plano de paz que vem sendo especulado dentro do novo governo de Donald Trump nos Estados Unidos. A proposta pode incluir um ponto que obriga a Ucrânia a aceitar perder partes de seu território já conquistados pela Rússia durante o conflito, como a Crimeia e regiões do Donbass.
Apesar de inicialmente não concordar com a ideia, já ventilada anteriormente por autoridades do bloco, Zelensky disse que um cessar-fogo em tais termos pode ser aceito pela Ucrânia. Ele, contudo, pediu que o restante do território ucraniano que não está sob domínio da Rússia fique em uma espécie de “guarda-chuva da Otan”.
Para o chefe da aliança, no entanto, qualquer discussão só deve acontecer quando a Ucrânia recuperar terreno e conter a ofensiva russa. O que necessita de uma maior assistência militar a Kiev.
“Para chegar lá, é crucial que mais ajuda militar seja injetada na Ucrânia”, declarou Rutte a repórteres.