O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, rejeitou nesta quarta-feira (18/6) a oferta do presidente russo, Vladimir Putin, para mediar o conflito entre Irã e Israel. Em declaração à imprensa, Trump afirmou que o líder do Kremlin deveria primeiro se concentrar em encerrar a guerra que a Rússia mantém contra a Ucrânia.
“Ele se ofereceu para mediar e eu disse: ‘Faça-me um favor, Vladimir, vamos mediar a Rússia primeiro. Depois você pode se preocupar com isso’”, declarou o norte-americano.
A declaração de Putin ocorre em meio à escalada do conflito entre Israel e Irã, que chega ao sexto dia consecutivo de bombardeios.
Nesta quarta, o Exército israelense confirmou que realizou novos ataques aéreos contra alvos estratégicos em Teerã, incluindo uma instalação de produção de centrífugas nucleares e fábricas de armamentos.
Segundo o governo de Benjamin Netanyahu, o objetivo da ofensiva, é frear o desenvolvimento do programa nuclear iraniano.
Em resposta, o Irã lançou mísseis e drones contra o território israelense. O líder supremo iraniano, Ali Khamenei, prometeu uma “resposta sem piedade ao regime sionista” e classificou os ataques israelenses como atos de terrorismo de Estado.
Diante do agravamento continuo do conflito, Vladimir Putin dialogou por telefone com o presidente dos Emirados Árabes Unidos, Mohammed bin Zayed Al Nahyan, e reiterou a disposição da Rússia em atuar como mediadora entre os países.
O Kremlin informou que ambos os líderes manifestaram “profunda preocupação com a intensificação contínua do conflito” e defenderam o uso de vias diplomáticas para lidar com as tensões relacionadas ao programa nuclear iraniano.
Contudo, a tentativa russa de se apresentar como uma ponte entre Tel Aviv e Teerã foi enfraquecida pelas declarações do vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov. Ele alertou que qualquer ajuda militar direta dos Estados Unidos a Israel poderia desestabilizar ainda mais o Oriente Médio.
Ryabkov também informou que Moscou mantém contato direto com representantes dos governos iraniano e israelense.
A recusa de Trump em aceitar a mediação russa demonstra sua estratégia de pressionar o Irã a uma rendição diplomática. Na noite de terça-feira (17/6), o republicano declarou que espera uma “capitulação incondicional” por parte de Teerã, o que elevou ainda mais a tensão internacional.
Rússia e Irã são parceiros estratégicos
A vontade de Vladimir Putin ser um dos intermediadores do conflito não é surpresa. No início do ano, Rússia e Irã assinaram um acordo de cooperação estratégica de longo prazo, com diretrizes que incluem coordenação político-militar, apoio mútuo em fóruns internacionais e, segundo analistas, até possíveis pactos de defesa mútua implícitos.
Tal acordo com o Irã pode transformar Moscou em um fator ainda mais relevante — ou mais perigoso — nas articulações que envolvem o Oriente Médio.
O Kremlin já havia reiterado estar disposto a mediar o conflito entre Irã e Israel e relembrou sua proposta anterior de armazenar o urânio iraniano em território russo.
Fonte: Metrópoles