José Saramago, Nobel de Literatura, com suas reflexões quase teológicas, cunhou que “nada é para sempre, dizemos, mas há momentos que parecem ficar suspensos, pairando sobre o fluir inexorável do tempo.” Semana passada esse axioma do único literato lusófono premiado com o podium maior da escrita, nunca fez tanto sentido. O comportamento avesso à liturgia do cargo do presidente Bolsonaro, repetida tristemente mais uma vez, quando se autoproclamou, em plena cerimônia da Independência do Brasil, em patética cena, de “imbrochável” à triste notícia da partida da Rainha Elizabeth, detentora do mais longevo reinado do trono inglês, deram vida e concretude ao pensamento do autor da obra “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”.
A abundância do atrito de suas ações com os mais comezinhos princípios da liturgia do cargo de Chefe do Executivo, efetivadas pelo presidente Bolsonaro, parecem ficar suspensas no ar e impor um certo ar de eternidade na sua presença na condução da nação. Toda mediocridade provoca repulsa, mas quando se protrai um pouco no tempo adquire um ar de insuportabilidade e evoca status de algo que fica suspenso no ar desafiando o fluir inexorável do tempo como narrou Saramago. Nenhum brasileiro que tenha a civilidade mediana não há de cogitar que o presidente tem durado no cargo que tanto avacalha e despreza.
A Rainha Elizabeth, de outro lado, no exercício do mais longevo reinado, traduziu com ternura e aceitação a parada magistral do tempo aludida por Saramago, como se estivesse a contemplá-la no correr sublime de sua existência. Foram 96 anos dedicados a uma vida de excelência desafiando todas as intempéries da existência pairando, como um beija-flor, no fluir inexorável do tempo, retendo-o numa poesia atemporal dos que nascem pretensamente eternos. Mas o tempo, doce tempo, como disse a paraense Luzia Álvares, também brinca com a gente. Para a Rainha Elizabeth o tempo lhe deferiu doces sorrisos e ficou a esperá-la por mais um tempo para, ao fim, deixar o fluir vicejar, fazendo o tempo parecer escasso.
Saramago – numa interpretação canhestra de seu axioma – quis dizer que o tempo é soberano e avesso ao sentido que lhe emprestamos, mesmo que sugira uma contradição com seu movimento natural. Talvez a dimensão seja outra, mas deixa a pista de que o enfadonho, o ridículo, o bizarro, mesmo que sejam em curtos momentos, parecem se alongar no tempo e avultar a repulsa humana. O belo, o sublime, a excelência, ao contrário, parecem denotar que o tempo acelera, pisa forte, e, mesmo longevo, reivindicam a eternidade como a brincar com o sentido natural de tempo. Assim, a mediocridade passará, mesmo parecendo longa, assim como a excelência, mesmo parecendo curta, movimentos que dão sentido ao pensamento iluminado da prosa reluzente do genial Saramago. Ainda bem!
A abundância do atrito de suas ações com os mais comezinhos princípios da liturgia do cargo de Chefe do Executivo, efetivadas pelo presidente Bolsonaro, parecem ficar suspensas no ar e impor um certo ar de eternidade na sua presença na condução da nação. Toda mediocridade provoca repulsa, mas quando se protrai um pouco no tempo adquire um ar de insuportabilidade e evoca status de algo que fica suspenso no ar desafiando o fluir inexorável do tempo como narrou Saramago. Nenhum brasileiro que tenha a civilidade mediana não há de cogitar que o presidente tem durado no cargo que tanto avacalha e despreza.
A Rainha Elizabeth, de outro lado, no exercício do mais longevo reinado, traduziu com ternura e aceitação a parada magistral do tempo aludida por Saramago, como se estivesse a contemplá-la no correr sublime de sua existência. Foram 96 anos dedicados a uma vida de excelência desafiando todas as intempéries da existência pairando, como um beija-flor, no fluir inexorável do tempo, retendo-o numa poesia atemporal dos que nascem pretensamente eternos. Mas o tempo, doce tempo, como disse a paraense Luzia Álvares, também brinca com a gente. Para a Rainha Elizabeth o tempo lhe deferiu doces sorrisos e ficou a esperá-la por mais um tempo para, ao fim, deixar o fluir vicejar, fazendo o tempo parecer escasso.
Saramago – numa interpretação canhestra de seu axioma – quis dizer que o tempo é soberano e avesso ao sentido que lhe emprestamos, mesmo que sugira uma contradição com seu movimento natural. Talvez a dimensão seja outra, mas deixa a pista de que o enfadonho, o ridículo, o bizarro, mesmo que sejam em curtos momentos, parecem se alongar no tempo e avultar a repulsa humana. O belo, o sublime, a excelência, ao contrário, parecem denotar que o tempo acelera, pisa forte, e, mesmo longevo, reivindicam a eternidade como a brincar com o sentido natural de tempo. Assim, a mediocridade passará, mesmo parecendo longa, assim como a excelência, mesmo parecendo curta, movimentos que dão sentido ao pensamento iluminado da prosa reluzente do genial Saramago. Ainda bem!