Acredito que muitos achem que quem escreve fique em casa sem muita coisa a fazer e que escrever é só sentar e mandar a caneta. Aliás, em dias de hoje mandar os dedos no computador. Logo eu, que como muitos nunca “datilografei”.
Uma tortura. Liguem não, só um desabafo…
Houve um tempo que tínhamos os mais variados programas de entretenimentos Brasil afora. Quando criança, morávamos em uma fazendola e me recordo que logo após, hoje, a quase centenária A Voz do Brasil, era feito silencio total, para que todos ouvissem uma novela radiofônica: O Direito de Nascer. Um saco!
Nada existindo sem muita propaganda. E tome reclames, Life Boy, pílula de vida do dr. Ross, Biotônico Fontoura e o pior, um tal de óleo de fígado de bacalhau, Emulsão de Scott, que as mães faziam que filhos, como eu tomassem. Ruim, mas ruim para cacete. Este, tenho certeza de que Lula não tomou nem debaixo de vara. Devia fazer de conta que tomava e escondido, fingindo vomito, jogava na privada.
Mas, que todos estes salvadores e mágicos produtos eram alardeados em todos os meios de comunicações, isso era. Onde sequer radio havia, ouvíamos pelos altos falantes de rua. Me lembro até em reflexo nos quarentas, ao lançamento da vitoriosa campanha do século, a do Nescau. Quando meninos, inocentemente cantávamos “não tome Toody que você se fod, tome Nescau que levanta o pa, e mães, como a minha, metiam pimenta na boca da gente.
Como sempre digo, tempos e gentes eram outros…
O mais marcante, era que havia uma certa dignidade em tudo e a tudo que viesse a público. Limites eram respeitados, inclusive aqueles que direcionavam eleitores às urnas. Não havendo nenhuma comunicação desrespeitosa, tendenciosa ou sequer maldosa.
Judiciário, era nunca. Entrevistas, juízes jamais davam, só falando nos autos. Eram os homens mais importantes de povoados a grandes cidades. Respeitados, ninguém deles falava mal. Em minha cidade tínhamos a época um único, apelidado, sem que o soubesse, de Roseta. Não tinha contemporizas, só corria a espora.
Vindo do passado ao presente, televisões e jornais, em noticiários, deletam instancias judiciárias inferiores, dando espaços únicos a côrtes supremas. Pelo que me trouxe a infância, nem o Albertinho Limonta do cumpridíssimo Direito de Nascer, apareceu mais que estes senhores em dias de hoje.
Maioria delas com envolvimentos de multas $$$ pesadas, crimes a bens públicos também pesados e transitados em outros cenários jurídicos, que segundo parece não valeram porra nenhuma.
Ainda mais que há pouco, desembargadores andassem alvos de sólidas suspeitas de prevaricação. Autêntica “novela” de pouco ou nenhum “juízo”.
Uma simples opinião e só, tenho a impressão, que os supremos, com exceções, estejam cometendo erros gravíssimos. Não por suas decisões que não discuto, mas por suas intromissões constantes no que não seria bem da conta deles, honoráveis intérpretes da Constituição Federal. Hoje interpretada de forma invasiva, onde as tais “adequadas narrativas” sejam superiores as frias letras mortas das leis.
Meu pai, houve por bem criar uma faculdade de Direito, então única em interior no Leste mineiro. No Prédio bem a frente lacrou em douradas letras: Faculdade de Direito do Vale do Rio Doce. Me recordo que, com muita saudade hoje, respeitosamente discutia com ele se ela haveria de ensinar a decorar leis escritas ou a aplicação da força do direito conforme dizia o letreiro em cor dourada.
E ele, geração bem anterior a minha, respondia; “Leis são bom senso e andam de braços dados ao direito”.
Pai, é morto. Ainda bem que não viveu para se chocar com o que a política e “alguns” homens, estão a fazer com as leis.
Art 5° CF: “todos são iguais perante as leis” … e vai por aí afora se perdendo em sonhos e pesadelos, nunca dizendo: diferentes apenas aqueles políticos amigos de amigos togados e que tenham muito a pagar à justiça dos homens e a uma inteira sociedade. Criando facção social de Intocáveis…
No criminal absurdo, campeia total desigualdade. No narco trabalho, navega e se vai à vontade, que nem na política, se prende se solta. Neste Brasil legal, o ranço da inveja tem alcançado a muitos cansados de serem justos e honestos por verem prosperar tantos benefícios e malandragens a reconhecidos bandidos, num bailado de leis.
Falando em discrinações do Estado, por aqui até mortos e matados, são diferentes perante todos os nossos aparatos legais.
Fiscais das leis e até a imprensa de tantas históricas propagandas se tornam silentes dependendo de classes, atividades ou mesmo interesses políticos.
Na Amazonia matam um, matam quatro cinco ou muitos, sequer inquéritos ou apurações são abertas; nem por curiosidade. Comunicados oficiais até falam em contrário. Assim, os crimes se tornam assustadores.
Cá nas bandas do sul, em bordas dos poderes o trato é diferente. Anos atrás mataram proeminente política da cidade das praias e morros. E ninguém mais parou de falar nisso, nem sei se ignorando os outros 39.000 assassinados que se foram logo ali no ano passado; e bem mais em anos anteriores.
Processos, procedimentos jurídicos, maioria, tal qual a Conceição do Cauby, ninguém sabe, ninguém viu. Mas, da edil, a uso mediático e possível herança, sobrou até cargo ministerial.
Por falar nisso, foi capa da revista de maior circulação nacional; por outro motivo, seja dito. Um moreno taradão durante mais de ano alisou a herdeira toda. E não teve conversa, sem sequer inquérito interno, apesar do cargo do “possível” aloprado sexual. Foi atirado janela afora de seu palácio ministerial.
Há alguns dias piloto da Amazônia, meio bicudão, tendo pedido mais drinks, como ele disse, e a garçonete tardando a trazê-lo, reclamando, deu afetuoso tapa, sem alisar, na bunda da dita. Chamada, a PM o levou e tacou-lhe um BO por grave importunação sexual. Deu trabalho, um puta trabalho. Flagrante, dois dias em cana, sem lá encontrar ministro nenhum, fiança e vai responder em liberdade vigiada.
E ainda há quem diga e acredite que todos sejam iguais perante as leis. Em oração e reclamando, contei o episódio a meu pai.
Por sinal este caso contado de capa vejeana, me lembra antiga anedota de continuada importunação que acabou em reclamação policial, por acontecer sempre a mesma hora em um parque de uma cidade.
Lá chegando disse ao escrivão: “moço, acredite sou séria, o fato ocorreu por mais de meia dúzia de vezes seguidas, e sempre o mesmo vagabundo”. Ao que o escrivão questionou, “ora, por que então cá não vieste logo da primeira vez”? Ao que inocentemente a reclamante respondeu: “porque o filho da puta sumiu e não mais me procurou”. Não digo ser tal qual, nem parecer ao imbróglio ministerial de desejos não contidos, mas apenas um outro lado até engraçado de contar causos.
Mas, toda a narrativa, mostra que nem todos são mesmo iguais nesta nação, o que me permiti questionar privilégios na constância de noticiário em páginas políticas/policiais; deixando ao esquecimento, crimes contra bens públicos, mensalões, corrupções e mais lamentável, tantos feminicídios ignorados de jovens seviciadas, mortas e jogadas ao mato.
Tenho para mim, que mesmo com novelas radiofônicas intermináveis, remédios de gostos terríveis, mães severas e sem internet, os tempos antigos eram melhores e mais dignos, nunca existindo exibicionismos pessoais em aplicações das leis, importunadores em parques, quiçá em ministérios.
Belo Horizonte/Macapá 03/11/2024
Jose Altino Machado
Nota: meu pai dizia, “enquanto existir segurança jurídica a Nação estará de pé”
Nem todos são…
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