Enquanto a grande mídia ocidental está voltada para noticiar um número limitado de informações como o conflito no leste europeu e assuntos relacionados ao aquecimento global ou alterações climáticas as tragédias e conflitos com perdas de vida continuam em várias partes do mundo e as informações nos são negadas. Felizmente existe um número muito grande de articulistas de várias nacionalidades, como Marcelo Tognozzi e eu, preocupados de trazer à luz as verdades omitidas.
O assunto que será abordado hoje tive conhecimento por ser um dos doadores que mantém viva a organização internacional “Médicos sem fronteiras – MSF” que colabora gratuitamente com a saúde dos povos dos países mais pobres do mundo. O MSF publicou em 17/05/2022 matéria sob o título “Nova onda de violência atinge a capital do Haiti”, que faço questão de dividir com os meus leitores:
Médicos Sem Fronteiras (MSF) está alarmada com a última onda de violência que atingiu a cidade de Porto Príncipe, capital do Haiti. Desde 24 de abril, as equipes médicas da organização receberam mais de 96 pessoas com ferimentos à bala em suas instalações de saúde.
Entre os dias 24 de abril e 7 de maio, os confrontos entre grupos armados na zona norte da capital saturaram completamente o hospital de MSF em Tabarre, uma das poucas unidades de saúde que continua oferecendo serviços médicos na região. “O número de internações por trauma por semana triplicou em comparação com meados de abril, e a maioria dos pacientes é de ferido por bala, em estado muito grave e que requer cuidados intensivos”, disse Mumuza Muhindo, coordenador-geral de MSF no país.
Os conflitos nas ruas tiveram um impacto dramático no acesso aos cuidados médicos. Na zona norte da cidade, particularmente atingida pela violência e com grande fluxo de feridos, cinco unidades médicas não funcionaram nesse período e outros dois hospitais privados suspenderam suas atividades após o sequestro de um de seus funcionários.
“Manter estruturas médicas funcionais nessas condições é um desafio diário”, disse Serge Wilfrid Ikoto, referente médico de MSF no hospital de Tabarre. “Alguns de nossos médicos locais não podem ir para casa. Eles correm um risco enorme toda vez que viajam. Organizamos turnos de 24 horas para limitar seus movimentos, mas alguns deles não voltaram para casa por vários dias seguidos”.
A violência recorrente e generalizada está paralisando o sistema de saúde em Porto Príncipe. As instalações médicas estão sobrecarregadas pelas necessidades de um grande número de pacientes feridos, com menos capacidade para tratar novos pacientes e os já admitidos.”
Para os que desconhecem informações sobre o país o Haiti o articulista Marcelo Tognozzi, jornalista e consultor independente, MBA em gerenciamento de campanha políticas na Graduate School Of Political Management, publicou no jornal Gazeta do Amapá em 04/06/2022 o artigo “O véu da hipocrisia”, que transcrevo alguns trechos:
Em 1791, uma França revolucionária ardia no governo estrelado por Danton, Marat e Robespierre. Nunca esteve tão forte o lema “Liberdade, Igualdade, Fraternidade”. Como nunca esteve tão forte a brutalidade e o terror naqueles tempos de guilhotina.
Milhares e milhares de milhas distantes, do outro lado do mundo, uma parte da França punha em prática o oposto do que pregava o slogan da Revolução. No Caribe, numa colônia na Ilha de Santo Domingo, 40.000 franceses mantinham 500 mil negros escravizados trabalhando nas lavouras de cana.
A instabilidade política da França e o desgoverno dos primeiros anos da Revolução, criaram as condições para que os escravos se revoltassem e tomassem o poder. O cenário era o da antiga ilha de Hispaniola, depois Santo Domingo, hoje República Dominicana de um lado e, de outro, Haiti.
No domingo passado (22.mai.2022), o The New York Times publicou uma extensa reportagem sobre como a França e os demais países governados por brancos espoliaram o Haiti, a ponto de criarem um estado de miséria crônico. O ex-presidente haitiano Jean-Bertrand Aristide foi incansável em denunciar esta espoliação que, segundo ele, chegava a mais de US$ 20 bilhões, valor que ele cobrava dos franceses a título de indenização. A revolução haitiana é retratada com competência pela escritora Isabel Allende no romance “A ilha sob o mar”, o retrato de um tempo que não pode e não deve ser esquecido.
Logo depois da independência, os franceses obrigaram os haitianos a pagar indenização aos ex-donos de escravos e investidores como Maria Leopoldina da Áustria, então imperatriz do Brasil, o cunhado do imperador Nicolau 1º da Rússia, ao império Germânico e até para o general francês Gaston de Gallifet, conhecido como o açougueiro da Comuna, líder da repressão durante a insurreição de 1871 em Paris. Até a Torre Eiffel, mostram os documentos obtidos pelo Times, foi erguida com dinheiro haitiano. Será que os haitianos não mereciam uma indenização, não apenas financeiras, mas, sobretudo, moral?
O país sofreu um bloqueio econômico de 60 anos. Nem o Vaticano foi capaz de reconhecer sua independência. Em 1914, um bando de 8 mariners, os fuzileiros navais americanos, roubou US$ 500.000,00 em barras de ouro do Banco Nacional do Haiti. Em poucos dias, o ouro estava depositado numa casa bancária de Wall Street, assegurando generosa aposentadoria para aqueles valentes soldados.
No ano seguinte, o Haiti foi invadido e dominado pelos Estados Unidos entre 1915 e 1934. Os americanos passaram a controlar o governo e especialmente o Tesouro do Haiti, instalando em Porto Príncipe uma sucursal do National City Bank, atual Citigroup. Humilhado, explorado e violentado, o país foi transformado em um bolsão de miséria, mantido à mão de ferro pelo que havia de pior como o ditador François Duvalier, o Papa Doc, seu filho Baby Doc e os sanguinários milicianos Tontons Macoutes, bichos papões no dialeto créole.
Pois é a história do Haiti desnuda o ‘currículo’ dos salvadores do planeta e pregadores dos “Direitos Humanos”. A sensação que se tem é que há uma ‘gama’ de informações que não devemos tomar conhecimento. O noticiário, com raríssimas exceções, vem sendo manipulado e direcionado aos acontecimentos escolhidos para facilitar a ‘lavagem cerebral’. A grande mídia ocidental nos trata a todos como ‘ratos de laboratório’ sendo condicionados a entender e pensar sob a ‘batuta’ dos ditos donos do mundo.
Caso me seja permitido quero dar um conselho a todos – libertem-se, não acreditem em tudo que os grandes veículos de comunicação vinculados à grande mídia ocidental informam através de massificação das notícias, pesquisem se as notícias são verdadeiras, busquem mais informações com os articulistas internacionais e nacionais para que
possam tomar conhecimento do que ocorre em todo o planeta. É extremamente desagradável ser condicionado como meros ‘ratos de laboratório.