Será que vou conseguir transformar toda a minha rede de colaboradores em pessoas fisicamente ativas? Qual o limite? O que é o possível? Como podemos promover um repertório de temas que envolvam todas as áreas da saúde para auxiliar as pessoas de diversas idades? Durante o Encontro Mensal da ABQV para o mês de Abril, que aconteceu no auditório do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, na Capital Paulista, estas e outras questões foram apresentadas e discutidas por pesquisadores e especialistas do setor.
A primeira palestra que explorou o tema “Atividade Física e Comportamento Sedentário: conceitos, evidências, redes de apoio e oportunidades no ambiente de trabalho”, foi ministrada pelo Prof. Dr. Douglas Roque Andrade, professor da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador do Grupo de Estudos e Pesquisas Epidemiológicas em Atividade Física e Saúde.
“Se você tem um programa de qualidade de vida que inclui a promoção da atividade física, a pergunta que eu faria é: Você tem certeza de que quer promover atividade física ou você quer trabalhar na redução do comportamento sedentário? Hoje nós temos evidências de que estes dois comportamentos agem de maneira diferente na saúde do indivíduo, eles tem determinantes distintos, tem fatores associados distintos, portanto, deveríamos intervir de maneira distinta”, declarou.
“Geralmente pensamos que se um indivíduo pratica atividade física ele não é sedentário, porém mesmo que uma pessoa faça muita atividade física ela pode apresentar ao longo do seu dia um comportamento sedentário, comportamento este que geralmente definimos por estar em uma posição inclinada, deitada ou sentada, com gasto calórico baixo. O impacto de se permanecer sentado a maior parte do tempo é prejudicial à saúde. Esta temática do comportamento sedentário é mais recente, então, precisamos repensar de que maneira vamos impactar esta mudança de atitude nos colaboradores. Em muitas organizações tem-se diminuído o tempo de reunião, outras ainda fazem as reuniões em pé. Se quisermos promover a saúde e a qualidade de vida das pessoas, temos que atuar com estes dois fatores”, explicou o professor Douglas.
A segunda temática do evento “Relações entre Ambiente Construído, Prática de Atividade Física e Saúde”, foi apresentada pelo Dr. Alex Antônio Florindo, professor da Universidade de São Paulo (USP) e Presidente da Sociedade Brasileira de Atividade Física e Saúde – SBAFS.
O pesquisador intensificou a importância de estar em movimento. “Atualmente estamos trabalhando de forma alinhada com o plano diretor da cidade de São Paulo, em pesquisas e estudos. As ciclovias, por exemplo, qual o efeito disso para as pessoas? Quantas pessoas estão aderindo ao uso das ciclovias? Em um dos nossos resultados, podemos observar que ao longo de três anos, tivemos um aumento significativo em uma das ciclovias mais importantes, construída no centro financeiro da cidade”, mencionou.
A segunda parte do Encontro Mensal ABQV contou com a participação da Dra. Marcia Agosti, gerente sênior de Programas de Saúde da América Latina e Conselheira Médica Corporativo da General Eletric e do gerente de Saúde da Shell na América Latina, Dr. Maurício Souza, que apresentaram seus cases corporativos relacionados aos programas de qualidade de vida.
O debate foi mediado por Ana Lúcia Aquilas Rodrigues Maretti, Mestre em Ciências pelo Centro de Promoção da Saúde do Trabalhador – FMUSP e Gerente Executiva de Gestão em Saúde no Grupo Case, e respondeu aos questionamentos dos participantes que puderam interagir com os palestrantes convidados.
“Conseguimos unir a academia e ter uma aproximação maior entre ciência e prática, trazendo dados e referências da área com base em evidências científicas atualizadas. Tivemos a participação de dois pesquisadores de renome da área de Atividade Física e Saúde e dois gestores bem experientes que trabalham em grandes corporações e já possuem programas estruturados. O debate foi enriquecido pela participação dos presentes e inclusive do público que estava online. Precisamos de mais reuniões para tratar deste tema, pois as recomendações de atividade física estão mudando. É importante ter estes momentos para trazer informações de estudos de efetividade e estratégias, que possam ajudar os gestores e líderes organizacionais na promoção da atividade física no ambiente de trabalho”, pontuou.
“Parabenizo a ABQV pela iniciativa e destaco que precisaremos de mais oportunidades para tratar deste tema, pois as recomendações de atividade física estão sendo atualizadas pela OMS e em breve teremos novidades. Estes momentos são muito importantes para discutirmos resultados de estudos efetivos e estratégias que possam ajudar os gestores e líderes organizacionais na promoção da atividade física no ambiente de trabalho”, concluiu Ana Maretti.
O evento teve transmissão ao vivo pela internet e pode abranger todo o território nacional. As inscrições para o Encontro Mensal ABQV podem ser realizadas direto no site da Associação, no link http://www.abqv.org.br/eventos-abqv
Sobre a ABQV – Fundada em 1995, a ABQV – Associação Brasileira de Qualidade de Vida, é uma organização sem fins lucrativos, que tem como objetivo estimular ações e programas de qualidade de vida em ambientes corporativos, bem como desenvolver parcerias e convênios com importantes entidades da sociedade brasileira. Tem como foco desenvolver e integrar profissionais para atuação em Qualidade de Vida e influenciar processos de transformação organizacionais e sociais. Para atingir tal meta, oferece subsídios atualizados e relevantes a profissionais que desejam ampliar seus conhecimentos na área, e atuar como multiplicadores de uma rotina que alie harmoniosamente trabalho e bem-estar. Atua em âmbito nacional e possui empresas associadas em todo o Brasil.
A ABQV é parceira do Global Healthy Workplace Awards (GHWA), premiação internacional que reúne os principais líderes em saúde e bem-estar do mundo, idealizada com o objetivo de reconhecer os programas de promoção da saúde no ambiente de trabalho que se destacam globalmente, que também estejam de acordo com o Modelo de Ambiente de Trabalho Saudável estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS). www.abqv.org.br