saio para a rua insurreta em meio aos fatos e atos,
alguns justos, outros, ultrajes de detratores, malfeitores.
Desvio, em câmara lenta, das palavras vãs, ocas.
Esbarro em vaticínios e profetas de origem incerta,
não lhes dou “trela” ou ouvidos, ou segundos de alerta.
Cruzo com crianças, jovens e idosos de todas as idades,
alegres e circunspectos, afetos e desafetos,
letrados e analfabetos, eles povoam as calçadas de concreto,
ou de pedra, a cada metro pisoteado pela pressa.
Entrego-me à alegria ao sol das manhãs azuis,
ora em retas oblíquas ora em sinuosas curvas,
e não é valseando em ondas com o Danúbio.
Sou aquela que quer falar do que é Belo e Bom,
fotografar a alegria em cada olhar sorrindo,
como um farol que ilumina e faz rima ou aquarela.
Mas o que há de belo nas noites geladas sem abrigo?
O que há de bom na fome dos filhos do salário-mínimo?
Onde a alegria dos que tiveram roubados seus sonhos,
usurpadas suas oportunidades de igualdades prometidas?
Seria o Belo, Bom e Justo, talvez uma visão que alguém sonhou?
Oh, ironia, talvez um desencontro ao sol do meio-dia.
Algo que estava no script para ser, para o mundo ver,
e a penumbra dos gases tóxicos das maldades acabou
por encobrir de vez e desfigurar a realidade programada?