Qualquer observador circunspecto e arguto concluirá que o Brasil é um país fácil para implantar uma ditadura. O governo do presidente Bolsonaro tem provado isso. As forças armadas já deram sinal que apoiam uma ruptura com seus oficiais fazendo militância de farda e fuzil todos os dias. O presidente já disse em praça pública que não cumpriria decisões do STF e vive diariamente cutucando a mais alta corte do país. Agora, sem qualquer cerimônia, colocou senado e câmara debaixo do braço e aprovou uma emenda constitucional recheada de ilegalidades, mudando regras do jogo eleitoral, assentado em uma mentira de estado emergencial, insustentável até mesmo nas rodas de mentirosos contumazes, como são os produtores de fakes News diários.
Estamos diante de um quadro grotesco de ameaça concreta ao Estado Democrático de Direito. Nessas hipóteses, por cautela, é melhor ir preparando o passaporte para qualquer emergência. Todos os dias há um preparo para a ruptura. Agora surge até o tumor ferrenho e intolerável dos crimes de ódio por motivação política, tão graves que o próprio presidente fez questão de, grosseiramente, desmentir a versão incontestável dos fatos. Essas cenas de violência podem se tornar comuns, porque há um incentivador que diz sorrindo que “tem que metralhar a petralhada”, fazendo o repugnante gesto da arminha contra seus adversários.
Os brasileiros elegeram um presidente de comportamento avesso às boas regras sociais que desde sua vida militar vem demonstrando desapreço pela civilidade e pela ordem. Já disse que não estupraria uma colega parlamentar porque era muito feia, já afirmou que sua profissão é matar, que o congresso e o STF deveriam ser fechados, dentre outras impropriedades. Jacob Petry em seu livro Poder & Manipulação, no qual propõe entender o mundo através de 20 lições extraídas de O Príncipe de Maquiavel, diz que há várias maneiras de chegar ao poder e, uma delas, é conquistar o poder pela maldade, por caminhos desonestos e corruptos, contrários a todas as leis humanas e divinas. E diz: “não há mérito em ações como matar seus concidadãos e trair os amigos”. Referia-se a Agátocles Siciliano que com esses atributos se tornou rei de Siracusa. Estamos diante de um presidente que mesmo de origem humilde se utiliza de todos os meios cruéis e repudiáveis para tentar a manutenção do poder. A ruptura bate a nossa porta!