O sábado despontava ensolarado, as nuvens, com um branco inigualável, contrastavam o azul celeste do céu. Eu, ainda na cama, acabando de assistir a um filme de ficção Científica, (aqueles que nos levam para dentro da tela e nos tira da realidade cruel de nosso dia a dia) dei por falta de meu jornal e pensei:
- Espero ler hoje uma boa notícia ou boas notícias, pois o dia está lindo.
Acabou o filme, levantei, tomei um bom banho, um bom café e me dirigi a banca de jornal de um amigo para comprar um jornal. Assim que fui me aproximando, escutei o dono da banca falar em voz alta: - Parabéns, meu amigo! Eu não entendi os parabéns dele, pois eu tinha a certeza de que não era o meu aniversário. Por algum instante, eu achava que estava dentro do filme, até olhei ao meu redor para ver se eu via algum robô ou algum amigo alienígena, mas percebi que era real.
Sorri para ele e fiz cara de não entender. Então ele me entrega o jornal com a notícia em primeira página. PARÁ SALTA DE 26º PARA 6º COLOCADO NO RANKING DO IDEB. Naquela hora, além de ficar boquiaberto com a notícia, eu entendi os parabéns do amigo da banca, afinal, eu sou professor da rede Estadual de ensino e para o dono da banca, eu sendo um professor, mereceria algum reconhecimento por aquele feito, aliás superamos escolas do sul e sudeste. Isso me fez lembrar do primeiro mandato do Lula quando o Brasil chegou a ser a 6ª economia do mundo, superando países da Europa como a Inglaterra. Um feito grandioso que trouxe ao presidente um reconhecimento muito grande, assim como prêmios também. Então eu pensei: - Será que receberemos o mesmo?
Logo, meu amigo me indagou: - Vocês não receberão nenhum prêmio por isso? Dei risada, pois havia acabado de pensar a mesma coisa.
- Eu espero que o governo reconheça os nossos esforços. Disse- lhe eu.
Ainda um pouco perplexo com a notícia, fiquei pensando se tudo aquilo era ficção ou realidade, se era sonho ou não. Foi quando vi uma professora aposentada reclamar dos cortes em seu contracheque e dizer que não tinha motivo para comemorar a subida no ranking do IDEB, pois ela tinha feito tanto pela educação e nunca recebera nada. Então percebi que não era um filme de ficção, mas sim um drama.
Passaram-se os dias e o excelentíssimo governador anuncia um abono de dois salários e meio para os professores do Estado como um reconhecimento pelo feito, assim como também, o pagamento do precatório aos docentes do Estado do Pará. Bem, se há algo que o governo sabe fazer bem, se chama propaganda. Acredito que se não der certo na política, dará como agente de marketing. Isso me fez lembrar um certo marketeiro chamado Eike Batista, o qual fazia promessas e que não passavam de simples promessas.
Como dizia minha avó: - Quando a esmola é muito, o santo desconfia.
Logo, pensei: – Esse é um feito e tanto, sair de 26º para 6º no ranking, é dar um salto gigante. Porém, olhando a realidade em sala de aula, vemos que há uma contradição. Mas é um assunto para outra hora.
Lógico! Este ano é um ano de eleição e os candidatos só querem um pé para enfeitar a sua propaganda eleitoral e não seria diferente com o governador do Estado. Ele adora uma propaganda, aparecer na mídia e nas redes sociais para receber uns milhões de likes daqueles admiradores Tik Tok, ou usar as mídias para fazer promessas ou dizer ao povo algumas meias verdades, tais como: Os professores recebem o maior salário do Brasil (se ele comparar com o salário-mínimo) ou todos os professores receberão o abono de dois salários e meio devido a classificação do Pará no ranking do IDEB, é o Pará valorizando a educação. Que coisa linda de se ouvir e ver. Poxa! Se eu não fosse Paraense, seria o meu desejo conhecer ou morar no Pará, ou ter este governador governando o meu estado.
Isso me faz lembrar um filme de ficção bem conhecido, chamado de “Alice no país das maravilhas” onde tudo vai bem, tudo é maravilhoso, mas temos que lembrar que é uma ficção e não uma realidade. Ah, como eu queria que fosse verdade. Sonhar, às vezes, nos faz bem e não paga imposto.
Sendo assim, vamos continuar com a realidade, ou seja, o drama ou quem sabe a epopeia.
Nesta segunda-feira, chego na escola e soube que a direção não estava lá, pois tinha levado alguns alunos para receber um prêmio, o qual seria dado pelo governador e o secretário de educação e que lá, seria definido quando e como seria pago o abono. Uma grande festa organizada pelo governo e seus amados servidores. Mais uma festa para fazerem vídeos eloquentes a fim de serem postados nas redes sociais. Tudo organizado para um grande evento, afinal de contas, ali seria cumprido algumas promessas feitas nas mídias do governo.
Será? A velha interrogação se fazendo presente neste drama incrível, afinal, neste enredo escrito por eles, cabem muitas interrogações e dúvidas e sempre hão de haver.
Então chega o momento, o anúncio do abono. Dá-me um abano para eu esperar o anúncio do abono. - Dia 15 de outubro, iremos pagar o abono, anuncia o secretário de educação. Todos vibraram, a felicidade estava estampada no rosto de alguns professores, assim como a desconfiança no rosto de alguns. Vale apenas lembrar o dito popular: Quando a esmola é muito, o santo desconfia. Poderíamos mudar esse ditado para: Quando o governador promete tanto, os professores desconfiam.
Não demorou muito para os semblantes felizes mudarem para um semblante de decepção. Como uma voz mansa e afiada, o secretário anuncia: O abono será pago, mas em suaves parcelas de 12 vezes. - O que? Isso é abono ou um financiamento, indagou uma professora. Eu entendi que a cada mês, ele dará uma tapinha nas costas dos docentes do Estado. Agora ele aprendeu a cumprir as suas P R O M E S S A S parceladamente em 12 vezes e os professore que lutem neste drama, pois a ficção é reservada somente para a sua sala e não faz parte do Drama do dia a dia.
BORA TRABALHAR!!!
