Quero dizer-te tantas coisas… pura magia e música para teus passos alegrar.
Talvez as coisas mais belas que alguém pudesse ouvir.
Ou falar.
Calo-me.
Ante o espanto de que derrubaste a ponte, não há como chegar.
Os fios dos hemisférios que interligam sinais foram cortados.
Cortados por teu livre logro ou suborno de teu próprio caminhar.
Esta canção não ouvirás.
Ela existe no universo, sempre existiu. É única.
Ela me inundou de notas, de coloridas notas…
No entanto, na tua negação não a perceberás.
Seguirás buscando o que encontrou e desconsiderou em louca alucinação por ilusões de ótica tóxicas advindas de reengenharias obscenas ou retrocessos civilizatórios.
Neste controverso mundo às avessas onde as pessoas cada vez mais abatidas e desfiguradas já não ouvem as batidas do coração não há espaços para a conciliação. Não somos exceção.
Há vida ainda, há seiva e um anseio indefinido, uma chama de esperança. Eu não desisto, insisto em ruminar sobre o valor e relevância de o Ser ser, apesar dos enganos e dos falsos humanos.
Acontece que “A vida é um equilíbrio entre o segurar e deixar ir” (Rumi, sec. XIII). O que eu seguro, o que tu seguras, o que nós seguramos ou deixamos ir, onde, quando e como… O que nos prende ou o que nos faz alçar voos?
Seria esse o dilema ou o mistério da “Insustentável Leveza do Ser”, parafraseando Milan Kundera, que partiu ontem, neste inverno, não na primavera, cavando um vácuo, quase uma cratera, no campo literário que se esmera em fazer pensar do perfume a flor e da flor ao botão e deste ao chão que o sustento gera.