A história segue Ruben (Riz Ahmed), um baterista que, repentinamente, descobre que está ficando surdo. Sendo baterista de uma banda ao lado da companheira, Lou (Olivia Cooke), ele se vê preso em um abismo de desespero. O grande questionamento que fica para o espectador é: Como se lida com isso?
Para uma pessoa que teve audição ao longo da vida toda, ficar surdo parece o fim do mundo. Mas ser uma pessoa surda, não te torna menos humana e capaz de alcançar qualquer objetivo na vida. E é nessa dicotomia que o diretor estreante Darius Marder constrói uma narrativa tocante e, acertadamente, sustentada por vínculos de empatia deliberados entre a obra e o espectador.
Obviamente, em uma produção com esse teor, o trabalho de mixagem de som precisa ser tão convincente quanto a premissa da obra, e o longa faz isso com maestria. Através do som (e da eventual perda dele), a narrativa consegue fazer o espectador sentir cada detalhe da jornada de Ruben na pele, desde o desespero inicial, até o fim.
Com seis indicações ao Oscar 2021, ‘’O Som do Silêncio’’ é um filme como poucos, dando uma aula de técnica, resiliência e acatamento.
A Voz Suprema do Blues (Netflix)
Resgatando a identidade de uma cantora de blues fantástica esquecida pelo tempo, Viola Davis dá vida à irreverente Ma Rainey, mulher preta e lésbica que fez da sua voz seu empoderamento em meio à dura realidade dos Estados Unidos em meados dos anos 20.
Baseado numa peça teatral de August Wilson e contando com a última e fascinante atuação do falecido ator, Chadwick Boseman, a narrativa segue uma sessão de gravação de Ma Rainey em um estúdio, juntamente com sua banda e a namorada. A cantora, autoritária e coercitiva, não aceita nada menos que todos ao seu redor obedecendo-a, Levee (Chadwick) é um aspirante a músico que não se importa em enfrentar qualquer pessoa para realizar seu sonho. Com tanta divergência, o clima entre os dois se torna mais tenso a cada minuto.
Por possuir um caráter teatral, o filme se desenvolve em poucos cômodos, focando inteiramente nas atuações e no roteiro, tão bem construídos que conseguem conduzir o espectador sem entediar em momento algum. Apesar de adotar um tom divertido, em alguns momentos, o longa discute temas extremamente pesados e infelizmente, muito cotidianos na realidade negra vigente.
Com performances estonteantes, um roteiro conciso e figurinos incríveis, ‘’A Voz Suprema do Blues’’ é um filme tão grandioso quanto sua premissa.