Talvez, nenhum outro gênero fílmico tenha ficado tão saturado atualmente quanto o terror. Na última década, o público começou a se cansar das mesmas fórmulas tão repetidas de jumpscares a torto e a direita. Com o surgimento do pós-terror e a irrefreável ascensão do terror psicológico, filmes que apostam nesse gênero precisam se reinventar para entreter o público. É nesse contexto que surge ‘’Operação Overlord’’, esbanjando originalidade. Sangrento e tenso a cada minuto, o filme explora um cenário pouquíssimo trabalhado no gênero: A 2° Guerra.
Na trama, um grupo de soldados norte-americanos é designado para a missão de destruir uma torre de rádio nazista em uma pequena vila francesa tomada pelos mesmos. No entanto, eles descobrem que, na verdade a base não se trata apenas de uma torre de transmissão, e que existem coisas muito piores acontecendo lá dentro.
O filme reestiliza o gore com uma estética colorida, um teor de sangue exagerado – que surpreendentemente consegue não parecer forçado – e tiradas de quando em quando. Ao mesmo tempo em que o espectador é tomado pelo horror e tensão, o divertimento faz-se muito presente e esse equilíbrio também é um dos pontos fortes da narrativa.
Trabalhando com tantas personagens diferentes, o roteiro se supera na construção de cada uma delas, trazendo o protagonista, Boyce (Jovan Adepo) como o típico mocinho extremamente moralista e o líder do grupo como um homem frio e calculista, contrapontos que se não fossem bem trabalhados enfraqueceriam muito a narrativa.
Nessas oscilações entre suspense, humor e sangue, ‘’Operação Overlord’’ tem uma proposta incrivelmente criativa, que saiu do papel e ganhou vida da melhor forma possível.
Mary Shelley (Netflix)
Todos conhecem a história do monstro trago de volta à vida por um cientista ganancioso, com partes de corpos diferentes remendadas. O que muitos não sabem, é que esse é um demônio interno da própria autora, Mary Shelley, uma mulher que, em meados do século XIX desafiou completamente o status quo inglês. No filme de mesmo nome, a diretora Haifa Al Mansour tece com delicadeza todas as nuances que levaram a criadora a conceber sua criatura.
Sendo um drama biográfico, o longa acompanha a autora – interpretada por Elle Fanning – no auge da sua adolescência, buscando sua própria voz na escrita e enfrentando seus problemas familiares como pode. Tudo muda quando ela conhece Percy B. Shelley (Douglas Booth), poeta famoso, por quem se apaixonou perdidamente e começou um relacionamento. Ao perceber que não aguentaria mais viver na casa do pai, ela resolve fugir com o namorado, sem saber que esse seria o começo de uma vida de sofrimentos.
É uma produção que requer muita sensibilidade para ser assistida, já que ao invés de falar necessariamente sobre o ‘’Frankenstein’’, caminha pelo processo criativo tortuoso e cheio de mágoas da autora, além de todos os desafios a qual ela foi submetida simplesmente por ser mulher.
Com atuações formidáveis e uma dinâmica impressionante entre Fanning e Booth, Mary Shelley é um autêntico drama biográfico, que não se limita a separar a obra da artista e traz perspectiva acerca da história de uma mulher tão forte e irrefreável.