“Hoje é o dia da concretização de um sonho, carregando seu nome por onde eu for e sou muito grato ao Tribunal de Justiça, e espero divulgar essa iniciativa para ajudar outras pessoas a terem acesso ao mesmo serviço”, concluiu o filho agradecido, que a partir de agora se chamará Paulo César de Souza Duarte.
O Policial Militar aposentado Rosângelo Duarte garantiu que a lacuna também era sentida da parte dele. “Vim aqui reconhecer meu filho primogênito, Paulo César, depois de 36 anos, com todo a disposição para trazer e expressar meu afeto, meu amor e meu carinho, que nunca deixei de ter”, registrou.
“Já devia isso a ele e agradeço muito à Justiça do Amapá e espero que todos na mesma situação venham fazer o que estou fazendo, cumprindo o papel de pai de verdade”, complementou.
Iniciado nesta manhã, o processo todo quanto ao registro de nascimento deve ser concluído em até aproximadamente uma semana, para em seguida serem feitos os encaminhamentos quanto aos demais documentos (RG, CPF etc.).
Euzinete Bentes, supervisora do Programa Pai Presente em Macapá e mediadora que realizou a audiência de conciliação, explica que o programa já beneficiou mais de quatro mil famílias com o reconhecimento voluntário de paternidade. “O Programa é bastante emocional, pois lida com esse desejo do filho de ter suas origens claras nos documentos e isso é tudo muito forte, pois a presença do pai oficialmente em seu registro tem muita relevância na vida da pessoa”, explicou, acrescentando que “o filho precisa do pai em vários aspectos, inclusive nessa presença documental”.
Apesar do apoio financeiro ter sua importância, Euzinete Bentes defende que “mais do que dinheiro, o filho precisa de apoio, orientação e tantas vezes apenas que ele esteja lá, ao seu lado”.
A LONGA ESPERA
Paulo encontrou o pai, Rosângelo, pela primeira vez por volta dos 10 anos de idade, após um verdadeiro trabalho de detetive. “Minha mãe e eu encontramos minha tia, irmã de meu pai, por acaso no ônibus e, tendo visto onde era sua casa, retornei dias depois para conhecer melhor e saber do restante da família”, relatou.
“Depois de saber os endereços fui até Santana, conheci meus irmãos e minha madrasta Adriana, para só então ver meu pai chegar em casa”, contou, “mas tive medo e mal consegui falar na hora”, relatou. “Retomamos a relação ao longo dos anos e fizemos outras tentativas de oficializar, mas não deu certo anteriormente”, disse Paulo César.

