A médica pneumologista Cristina Cantarino, Coordenadora do Centro de Tratamento de Tabagismo do Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA) explica que o tratamento deve ser individualizado, respeitando o perfil de cada fumante. A escolha dos métodos para parar de fumar é compartilhada: o fumante e o médico assistente decidem juntos.
“Houve uma época em que a recomendação principal era a de que o fumante deveria largar o cigarro de forma abrupta. Com o tempo e novas pesquisas, verificou-se que alguns indivíduos se sentiam mais confortáveis e confiantes com a parada gradual, que pode ser feita de duas maneiras: reduzindo gradativamente o número de cigarros fumados por dia, ou adiando o horário de fumar o primeiro cigarro ao acordar. Independentemente do método escolhido, alguns fumantes precisarão do apoio de medicamentos que o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece”, explica Cristina Cantarino.
O ideal é diminuir a quantidade de cigarros diários até o dia marcado para “zerar”, quando o fumante abandonará o tabagismo. Logo pela manhã ele pode separar quantidade estipulada para o dia. “Se ele fumava vinte cigarros, pode separar quinze. Depois, vai diminuindo gradativamente”, ensina a médica. É importante ressaltar que o tempo de redução não deve ser longo, o foco é de fato a interrupção total do tabagismo.
Vale lembrar que o fumante que deseja parar não deve comprar medicamentos por conta própria, como repositores de nicotina (em formato de adesivo ou chiclete) ou antidepressivos, que precisam de prescrição médica. “A farmacoterapia possui indicações precisas e é utilizada para minimizar os efeitos da síndrome de abstinência da nicotina. O eixo fundamental do tratamento de tabagismo é a abordagem comportamental, não é o medicamento. O ator principal do processo de cessação é o fumante. No programa da rede SUS, existem profissionais treinados para atender o paciente como um todo. O medicamento é apenas um dos vários itens do processo. O fumante precisa se instrumentalizar para aprender a viver sem lançar mão do cigarro”, ressalta Cristina Cantarino.
O tratamento do tabagismo é oferecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Ligue para o número 136 e se informe em quais Unidades Básicas de Saúde e Hospitais de seu município o tratamento está disponível.