A obra e a vida do educador e filósofo Paulo Freire foram dedicadas à educação brasileira recheada de cristalina opção pelos oprimidos, numa dimensão messiânica. Sua indignação contra as injustiças adornava seu desejo de transformação da sociedade para um ambiente social menos autoritário, discriminatório e desigual. Seu discurso educacional e filosófico vinha entremeado de práticas educativas – práxis – harmonizadas com seus postulados de democracia. Foi um criador de ideias e métodos que ficaram conhecidos pelo mundo afora. Segundo estudiosos, é da essência de sua filosofia incomodar os conservadores porque ela propõe uma educação libertadora, alicerçada na formação crítica do aluno. Aí reside o problema.
O ódio compulsivo dos conservadores pela pedagogia freireana advém desse atributo de seu trabalho em despertar o juízo crítico no cidadão. Os déspotas sociais acham esse elemento subversivo e causador de um mal para a sociedade. O atual presidente, animado por ideias de seus consultores, já chegou a chamar o Patrono da Educação Brasileira de “energúmeno”. O que realmente tira do chão seus opositores é o conteúdo político de sua pedagogia, no sentido mais sublime do termo, abstraindo-se de sua semântica rasa, constituindo-se em instrumento vicejador da autonomia, da esperança, da liberdade humana que tira o indivíduo das garras malévolas da opressão que fragiliza e mata.
Se a Justiça Federal conseguiu frear o ódio ao Patrono da Educação Brasília pela via institucional, é salutar que seus algozes ouçam autoridades como o sociólogo Abdeljali Akkari, da Universidade de Genebra, na Suíça, que diz “que a essência da obra de Freire é totalmente política, no sentido nobre do termo, não no sentido da política partidária. Por isso em todas as regiões do mundo, sua obra é lembrada como algo muito interessante para refletir sobre o futuro da educação contemporânea”. Caso entendam isso, os extremistas poderão arrefecer o ódio na compreensão sadia de que Paulo Freire “é o pedagogo da politização da educação” na feliz definição de Akkari. Salve o Patrono da Educação Brasileira!