Na cachoeira despencam frenéticas gotas de cristais transparentes,
estalam em disritmia a impactar na superfície da pedra feito agulhas.
Nas águas em que mergulho há paz e há leveza.
Nas águas em que flutuo o vento sopra em silêncio…
O azul do céu desce desenhando brancas nuvens em revoada e comigo mergulha
no remanso manso das águas em bacia após o precipitar-se em rochoso regaço.
Nas braçadas dos meus movimentos há compasso de música.
Nas imagens que atravesso há a paz da transparência…
No tempo sem tempo encontro traços da eternidade no eterno presente.
Carrego rasgos de utopias sonhadas um dia na calma da alma em entropia.
Ouço o ecoar de espasmos diversos e dispersos nas margens das travessias.
A calmaria me invade e faz-se ciranda de roda dos amantes de ventanias.
Embora os minutos esbravejem, há paz em minha fala, em meus gestos imprecisos.
Há a condescendência da alforria para mim auto-outorgada. Sou livre.
Livre das convenções e dos conventos, dos conclaves e claustros, das fobias e armadilhas das efêmeras penitências e seus vigias em permanente guerra fria.
HÁ paz, no eco dos meus passos deixo um rastro de alegrias.