Onde nasce o Amor, bem invisível?
Não tocável, não tangível.
Inimaginável em uma sociedade dolorida.
Sociedade a contorcer-se em agruras de ações obscuras de mãos imperceptíveis.
Agruras que se ocultam pela continua exposição ao ofuscante Sol nas retinas tuas, minhas, nossas ou no brilho prata esfumaçado da Lua em noites cruas.
Abrir os olhos, tirar as vendas, despir-se dos óculos escuros…
Talvez seja inviável, impossível – diante da aspereza da realidade polida.
Pensadores pensarão, filósofos filosofarão, catadores de causos, curiosos, mestres, famintos e contadores a procurar pelo rio da vida seguirão.
Somam contas e gotas, algumas com valor multiplicado, outras em extinção.
Mas foi Rubem Alves, o poeta educador e/ou o filósofo poeta que voou para além dessas paragens, em 19 de julho de 2014, o campineiro paulista, embora mineiro, quem nos deixou a pista, a seta indicativa em sua obra Do Amor à Beleza, pouco antes de partir, em abril de 2014.
“Não basta viver. É preciso que haja beleza. Uma gota de orvalho não me faz viver ou morrer. Mas sua magia me enche de gratidão, e penso que valeu a pena o universo ter sido criado por causa daquele milagre fugaz.”
Sim, poeta das belezas do Ser, a gratidão. Sem a gratidão pelos detalhes mínimos dos milagres da vida, por estar vivo, por sentir os elementos e os sentimentos, sem esta delicadeza de si para consigo não há beleza, não há amor e não saltamos da vala úmida para o claro jardim dos beija-flores a espalhar amores.