Confesso.
Não se anime, não sou réu (ré)confesso.
Sou uma leitora às avessas, talvez dispersa ou controversa, o que lembra verso.
Verso meu Universo de conexões e revisões de sonhos, não de ilusões, como querem alguns em gestos de bizarrices e incompreensões ou tolas ambições.
Nos meus mergulhos em rios e riachos de águas cristalinas encontrei uma Maria que sempre esteve ali, desde que nasci, mas eu não conhecia.
Habita ela o universo paralelo da Literatura Marginal, a mais rica e bela, perdoem-me, aceito opiniões contrárias.
Afinal, texto poético é um jogo entre a sensibilidade, o sujeito e o objeto, um encontro entre o encanto e o encantatório.
Instante único que a cada um de nós pertence como seres únicos cuja semelhança aí reside – sermos únicos. Deus não fez cópias de cópias. Somos todos originais com patente reconhecida e imortal.
Ana Cristina Cesar, a poetisa marginal que descobri neste garimpo. Pedra preciosa. Rara.
A depressão, essa sombra marrom ou penumbra fantasmagórica sem coração, angústia existencial, química reversa, levou-a cedo, lá em 1983.
Deixou-nos o legado de sua sensibilidade aflorada em plena expressão de talento e liberdade.
“Não quero mais pôr poemas no papel
nem dar a conhecer minha ternura.
Faço ar de dura,
muito sóbria e dura,
não pergunto
‘da sombra daquele beijo
que farei?’”
(Intratável. In: Ana Cristina Cesar, A teus pés)