A Polícia Civil de São Paulo realiza na manhã desta terça-feira (30) uma operação contra a falsificação de bebidas alcoólicas. Os investigadores encontraram uma fábrica clandestina na Rua Otávio Tancredi, no bairro Fazenda Santa Lúcia, em Americana (SP).
Foram cumpridos mandados de busca e apreensão em três endereços. Em um dos locais, no Bosque dos Ipês, foram identificados:
- rótulos falsos de marcas conhecidas;
- garrafas vazias;
- bombonas com líquidos e uma grande linha de montagem para adulteração de bebidas.
Segundo a polícia, no imóvel eram produzidos uísque, gim e vodca. Os agentes apreenderam cerca de 17,7 mil produtos e duas pessoas foram presas por pirataria.
Operação foi antecipada
Policiais do DEIC já tinham identificado a fábrica e planejavam fazer a operação em duas semanas. No entanto, diante dos casos de contaminação por metanol, o trabalho foi antecipado.
Apesar disso, não foram encontradas evidências de uso de metanol no local. Foi identificada grande quantidade de álcool comestível, que é o etílico de alta pureza e pouco odor, usado em adulterações.
De acordo com a Polícia Civil, a fábrica clandestina será periciada e os equipamentos usados na falsificação serão recolhidos. Duas pessoas foram detidas por pirataria.
A ação foi coordenada por policiais da 1ª Delegacia DIG (Antipirataria). Também contou com apoio da Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe) e de uma empresa de e-commerce.
Casos de intoxicação por metanol
Até o momento, não há informações de que a fábrica clandestina encontrada em Americana tenha qualquer relação com os casos de intoxicação por metanol, assunto que veio a público na última semana.
Entenda: segundo o Centro de Vigilância Sanitária (CVS) do estado de São Paulo, até a noite da segunda-feira (29) foram confirmados seis casos de intoxicação. Outros dez estão em investigação, e incluem quatro pacientes jovens que passaram mal após consumir gin comprado em uma adega na Cidade Dutra, na Zona Sul da capital, em 1º de setembro.
Um dos jovens, Rafael dos Anjos Martins Silva, está internado há quase um mês na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em decorrência da contaminação. No boletim de ocorrência, obtido pelo g1, é descrito que ele começou a passar mal, vomitou e teve fortes dores abdominais após ingerir a bebida. A princípio, ele acreditou que eram sintomas de ressaca, até que começou a gritar que estava cego.
Outra vítima é Rhadarani Domingos, que relatou ao Fantástico que ficou cega após beber três caipirinhas de vodca em um bar no Jardim Paulista, área nobre da capital. Na noite desta segunda, ela deixou a UTI, mas segue internada sem previsão de alta.
O governo estadual ainda confirmou três mortes relacionadas a intoxicação por metanol. As vítimas são:
- Homem de 58 anos, morador de São Bernardo do Campo;
- Homem de 54 anos, morador da capital paulista;
- Homem de 45 anos. O local de residência está sendo investigado.
Ainda conforme o governo, outra morte, de um homem com histórico de etilismo crônico, está em investigação, pois não se sabe como ocorreu a intoxicação. Outro caso foi descartado.
O que é metanol
O metanol (CH₃OH) é uma substância altamente inflamável, tóxica e de difícil identificação. O produto é um tipo de álcool simples, incolor e inflamável, com cheiro semelhante ao da bebida alcoólica comum.
A substância tem diversas aplicações legítimas na indústria. Ele é usado na fabricação de formaldeído (o famoso formol), ácido acético, tintas, solventes e plásticos, e está presente em produtos como anticongelantes, limpa-vidros e removedores de tinta.
Também já foi utilizado como combustível em carros de corrida e pequenos motores, mas em condições seguras e controladas. No Brasil, uma das principais funções do metanol é servir de matéria-prima para a produção de biodiesel, em um processo químico chamado de transesterificação.
Fora disso, ele não deve ser comercializado diretamente para consumo humano nem adicionado em grande escala a combustíveis comuns.
Fonte: G1