Os 36,5 °C a 37,5 °C habituais são a temperatura ideal para que as reações químicas que mantêm o organismo em pleno funcionamento aconteçam sem grandes dificuldades. Pouco abaixo disso, a 35 °C, o corpo fica apático; pouco acima, a 38 °C, já há espasmos e pulso enfraquecido. E os efeitos só se agravam conforme a temperatura interna se afasta – para cima ou para baixo – do ponto de equilíbrio.
Tampouco a pressão arterial – com sua missão de manter as artérias abertas para o sangue fluir até os órgãos – pode fugir muito de sua constância. Quando o coração bombeia o sangue (a chamada pressão sistólica, ou máxima), a “força” desse movimento não deve passar dos 12 milímetros de mercúrio (mmHg). Quando o órgão relaxa (a pressão diastólica, ou mínima), não deve ultrapassar os 8 mmHg. É o famoso 12 por 8.
O corpo tem vários mecanismos para manter a pressão arterial estável, no curto e no longo prazos. O sistema nervoso autônomo controla as oscilações mais agudas, como um susto. O sistema renina-angiotensina-aldosterona é responsável pelo controle de longo prazo. Quando, por exemplo, está quente e desidratamos, o sistema é ativado para que o rim diminua a urina, para retermos mais líquido e a pressão não cair muito.
explica o Dr. Luiz Bortolotto, cardiologista especialista em hipertensão do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
Ainda assim, se os vasos criam resistência ao batimento cardíaco, a pressão arterial acaba aumentando. Isso pode acontecer devido a fatores genéticos ou a doenças como insuficiência renal, obesidade e diabetes. A seguir, saiba mais sobre o estável (ou, às vezes, nem tanto assim) universo da pressão e da temperatura corporais.
ANTES BAIXA DO QUE ALTA
“Uma pessoa hipertensa tem mais risco de sofrer infarto ou derrame. A longo prazo, pode desenvolver falha cardíaca, insuficiência dos rins e até demência vascular”, relata o Dr. Bortolotto. Com pressões mais baixas, o risco é menor: desde que não ocorram de forma súbita, dificilmente têm consequências mais sérias que uma tontura ou um desmaio. Com a temperatura, também é melhor baixar que subir. A apenas 5 °C acima do normal, o corpo começa a falhar, já que as proteínas “entram em ebulição”. Para ter uma pane de frio, a temperatura precisa estar mais de 10 °C abaixo de seu ponto de equilíbrio.
GESTAÇÃO SOB PRESSÃO
A pressão pode sofrer variações durante a gestação. “Nos últimos três meses da gravidez, a pressão pode subir, devido ao crescimento do feto, mas sem atingir níveis de hipertensão”, explica o Dr. Bortolotto. Ele adverte que a pressão muito alta, principalmente no terceiro trimestre, pode significar a existência da pré-eclâmpsia, doença hipertensiva da gestação. Se não tratada adequadamente, ela pode resultar na eclâmpsia, com níveis muito altos de pressão e convulsão.
CULPA DA VIDA MODERNA
Ainda que a pressão alta seja uma condição em geral hereditária, tem-se observado o aumento do número de crianças e adolescentes hipertensos. O sedentarismo, a obesidade e os maus hábitos alimentares são algumas das prováveis causas. Para equilibrar a ingestão exagerada de sódio dos alimentos industrializados, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda os ricos em potássio, como abacate, feijão e cenoura.
FEBRE É DOENÇA?
Não. Ela é, muitas vezes, uma resposta a uma doença. Ao perceber uma anomalia, o hipotálamo altera a temperatura corporal para que as células tenham melhor tempo de resposta no duelo contra os invasores. Ou seja, a febre auxilia o organismo a combater a doença que pode estar o afligindo. Bebês e crianças costumam ter mais febre que os adultos porque praticamente todos os vírus e bactérias são estranhos ao corpo deles, que logo reagem à “novidade”.
NA ÁGUA É PIOR
Dentro d’água, a queda de temperatura é um pouco mais perigosa. Como é um condutor de calor muito poderoso, o ambiente aquático, quando muito frio, rouba ainda mais calor do corpo que o ar. E, quanto mais a pessoa se movimenta, mais afasta a camada de água que já foi aquecida, substituindo-a por outra mais gélida. É hipotermia na certa. Brrrrrr!
AS MULHERES SENTEM MAIS FRIO?
Em seu escritório, homens e mulheres também disputam pela temperatura do ar-condicionado? Pois há uma explicação científica para isso. A energia mínima gasta pelo corpo em repouso (a chamada taxa metabólica) das mulheres é menor que a dos homens. Muito disso se deve ao fato de elas possuírem menos massa magra que eles. Como o metabolismo é o responsável pela produção de calor, as moças produzem menos calor e, logo, ficam confortáveis a uma temperatura 2,5 °C acima da dos rapazes.