Jonathan Messias Santos da Silva foi preso em agosto e de lá para cá recebeu quase R$ 24 mil líquidos, mesmo não exercendo as funções.
O servidor está nos quadros da prefeitura desde 2019. Ele é concursado para o cargo de professor do ensino fundamental mas atuava como diretor da Escola Municipal Almirante Saldanha da Gama, em Campo Grande, na zona oeste da capital fluminense.
De acordo com o Portal de Transparência da Prefeitura do Rio, o salário bruto de Jonathan é de R$ 6.018,55. No entanto, desde a prisão, começou a ser descontado em folha um valor em torno de R$ 2.000 por reclusão e ele passou a ser lotado na Secretaria de Fazenda e Planejamento, a quem o setor de Recursos Humanos pertence.
O desconto de um terço do salário está previsto no Estatuto do Servidor da Prefeitura para casos de prisão, até que a Justiça decida se o acusado é culpado ou não. Caso seja condenado, o servidor é exonerado.

Em nota, a Secretaria Municipal de Educação informou que, na ocasião da prisão de Jonathan, foi solicitada a suspensão do salário dele. “Inclusive, o secretário de educação, Renan Ferreirinha, já se manifestou contra o recebimento de salário por servidor preso”, disse um trecho da manifestação.
As folhas de pagamento publicadas no Portal da Transparência mostram ainda que, em outubro, três meses após a prisão, Jonathan embolsou um abono de R$ 7.021,01 por “prêmio desempenho”.
A reportagem questionou a Secretaria sobre o motivo do benefício, que informou que este refere-se ao acordo de resultados do período trabalhado em 2022, ano em que o servidor atuou normalmente.

A defesa do torcedor do Flamengo disse à CNN que, uma vez que o caso ainda está sendo julgado, Jonathan tem o direito de receber o salário normalmente. A advogada Carolina Dias informou ainda que está em curso um habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça (STJ) para que o servidor responda em liberdade e nega que o cliente tenha participação no caso.
Segundo a advogada, a defesa contratou uma perícia particular que teria constatado a impossibilidade de se comprovar que a garrafa que atingiu a vítima tenha sido atirada por Jonathan.
Relembre o caso
Em agosto do ano passado, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP) aceitou a denúncia do Ministério Público e tornou réu o flamenguista suspeito de matar a torcedora do Palmeiras Gabriela Anelli, no mês anterior, após uma confusão no entorno do Allianz Parque, na capital paulista.
Na decisão, a juíza Marcela Raia Sant’Anna também determinou que a prisão de Jonathan fosse convertida de temporária em preventiva.
Em 8 de julho, Gabriela, foi atingida no pescoço por uma garrafa durante um tumulto no Allianz Parque, onde acontecia uma partida entre Palmeiras e Flamengo, pelo Campeonato Brasileiro.
Segundo a Polícia Militar, o tumulto começou quando dois torcedores flamenguistas entraram em uma das ruas que dá acesso ao portão A do estádio palmeirense, o que gerou a insatisfação de torcedores alviverdes que assistiam ao jogo em estabelecimentos comerciais na área externa do Allianz Parque.
Além de Gabriela, outro torcedor também ficou ferido. Em estado grave, a jovem foi levada para a Santa Casa de São Paulo mas morreu dois dias depois.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, ele o suspeito foi identificado por meio de câmeras de reconhecimento facial e foi indiciado por homicídio doloso por motivo fútil.
O caso ganhou repercussão nacional. Corinthians, Palmeiras, São Paulo e Santos postaram notas em suas redes sociais se solidarizando com a família da torcedora.
Com informaçõe CNN