Quem nunca ouviu dizer que, no fundo do poço, tem mola?! Uma metáfora que descreve o absoluto desolamento, desespero e o mais completo desânimo. Um termo que indica estado de desesperança, decorrente de frequentes adversidades pessoais cíclicas.
Estar lá provoca experiências altamente individuais e subjetivas, que variam, mas nem tanto: isolamento, esgotamento, medo, vergonha, culpa, ansiedade, depressão e ausência da fé.
Começa por uma sensação avassaladora de que as coisas tendem a piorar e que o amanhã é sombrio. Ato contínuo, a pessoa sente solidão, em que ninguém poderia entender ou ajudar, naquela situação. Daí, vem o acometimento de vazio de energia e força, para coisas básicas do dia.
Então, diante do cenário perfeito, o medo instala-se, dominando geral: medo da solidão, medo da perda, medo da dor, medo do medo. Sempre, em sua sombra, esse sentimento traz vergonha ou culpa. E elas, odiosas consciências controladoras, abocanham as narrativas mentais do ser, por pura carência de luz da razão, por nunca ter havido, na “vítima”, um autoquestionamento.
De presente, sintomas denominados e diagnosticados como ansiedade e depressão, dignos de CID e tals, fazem o habitador do fundo do poço estar em constante preocupação, tristeza profunda, insônia ou hipersonia, perda ou excesso de apetite, falta de interesse por tudo, entre tantas coisas mais.
E quem poderá “defender” os moradores do fundo do poço? Geralmente, indica-se uma rede de apoio. O problema é quando a própria rede de apoio precisa de apoio…Todos os do fundo do poço entenderão. Coisas que, normalmente, fariam sentido, lá, ficam sem nexo algum.
Ainda bem que, querendo, havendo uma fagulha, um resquício de esperança, uma palavra daqui, um gesto dali, a mola começa a se formar. E assim a imensa necessidade de acabar com a dor vai dissipando.
Porque…
“No fundo do poço, sem luz, sem céu,
A alma perdida, em labirinto estreito.
Um coração partido, o espírito em desalento,
Em cada sombra, o medo teceu seu véu.
Sonhos despedaçados, a esperança se esvaiu,
A solidão ali, comigo reuniu.
Toda alegria e riso parecem uma farsa,
A vida, outrora brilhante, agora tão áspera.
A cada momento, um eco de angústia,
Uma sinfonia de dor, nessa escuridão pungente.
Onde foi o sol? Por que a noite é tão persistente?
Emerge a pergunta, na minha mente inquieta.
Mas mesmo no escuro, no frio, na dor,
Há uma centelha, um canto suave a chamar.
Mesmo tão pequena, quase imperceptível,
Insiste, resiste, inextinguível.
Ela sussurra histórias melhores,
Canta sobre o amor, mesmo nos corredores
Mais escuros e frios, do fundo do poço.
Ela fala de força, do coração amargurado.
Porque no fundo do poço, eu percebo,
É onde a semente encontra o seu repouso
No escuro, no frio, ela começa a germinar,
Até encontrar a luz, a vida celebrar.
E, assim, no fundo do poço, há muita lição a aprender,
Que mesmo na escuridão, há uma chance de crescer.
E a centelha divina no coração nunca desistirá,
No fundo do poço, de fazer a esperança brilhar”.