Um relatório divulgado na última sexta-feira, 18, pela Unidade de Controle de Zoonoses da Superintendência de Vigilância em Saúde (SVS), aponta que a Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) teve um aumento de 72,7% no número de casos confirmados no Amapá nos primeiros quatro meses de 2021 em comparação com o mesmo período do ano passado.
De janeiro a abril deste ano foram registrados 361 casos, enquanto que no mesmo período de 2020 foram 209 pessoas confirmadas com a doença.
A Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA), conhecida como “úlcera de bauru” ou “ferida brava”, é uma doença infecciosa não contagiosa, causada por protozoários do gênero leishmania, transmitida de forma vetorial pelo mosquito palha.
Rackel Barroso, médica veterinária e gerente do DEVS/SVS, avaliou uma das possibilidades do cenário que levou a este aumento.
“Acreditamos que os casos têm aumentado pela suspensão do controle vetorial no estado em decorrência da pandemia da covid-19. Ressalto que não há ações de controle específico para o vetor da LTA no Amapá, mas que o controle do anopheles [mosquito] vetor da malária e o controle do aedes aegypti realizado pelos municípios, ajudam a controlar a população de flebotomíneos”, explicou Rackel.
Quadro estadual
Os municípios de Oiapoque, Laranjal do Jari, Calçoene, Pedra Branca do Amapari, Tartarugalzinho e Serra do Navio, apresentaram 90% dos novos casos registrados e os outros 10 municípios somados representam os 10% restantes.
O destaque negativo ficou para Oiapoque, com 107 casos, e em contraste, Itaubal do Piririm, que até o término do relatório não registrou nenhum caso.
A Superintendência de Vigilância em Saúde (SVS) está realizando capacitação prática para o diagnóstico laboratorial da doença no Lacen para profissionais dos municípios de Macapá e Santana, o que vai descentralizar as ações de diagnóstico e tratamento, dando celeridade no atendimento aos pacientes até a cura.
Dorinaldo Malafaia, superintendente da SVS no Amapá, acredita que a iniciativa pode ajudar a diminuir esses números.
“O primeiro passo é o registro e depois o tratamento da enfermidade. Nossos esforços para descentralizar os diagnósticos vão ser muito úteis. A LTA é uma doença que quanto mais cedo for diagnosticada melhor para o paciente, que termina o tratamento com mais celeridade. A constatação feita pelos técnicos e a descentralização são os primeiros passos para revertermos esses números”, declarou o gestor.
A Unidade de Controle de Zoonoses solicitou ao Ministério da Saúde capacitação em toda a rede de atenção ao paciente de LTA e foi atendida, o que está ocorrendo em plataforma digital, de forma online, com participação de todos os municípios e da coordenação estadual do programa.