Na decisão, tomada nessa terça (2), o Cecob argumentou que Wallace, o Sada e a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) descumpriram decisão anterior ao permitir que o oposto atuasse nesse domingo (30), na final da Superliga.
Leia a íntegra da nota do Sada:
Perplexidade, incredulidade. Não faltam adjetivos para a decisão do Conselho de Ética do Comitê Olímpico do Brasil – CECOB, divulgada nessa terça-feira, 02/05, com a suspensão do oposto Wallace para cinco anos. O clube colocou o atleta em quadra, no último domingo, na final da Superliga, amparado por decisões do Superior Tribunal de Justiça Desportiva – STJD, e do Centro Brasileiro de Mediação e Arbitragem – CBMA.
Wallace foi ilegalmente suspenso de forma cautelar, há quase três meses, e ficou de fora de 17 partidas oficiais. Depois, pelos meios legítimos, junto ao STJD, e com uma decisão do CBMA, o jogador foi liberado para atuar na sequência da Superliga.
Não bastasse a nova punição totalmente desproporcional e descabida ao atleta, que tanto fez pelo esporte brasileiro, o Conselho de Ética ainda suspendeu por seis meses a filiação da CBV ao Comitê Olímpico do Brasil – COB, determinando a suspensão do repasse de recursos à entidade.
Sob a constituição brasileira, a justiça desportiva é um órgão independente e suas decisões devem ser cumpridas. Ao ignorar a decisão do STJD do vôlei, órgão que, segundo o artigo 217 da Constituição Federal, é responsável por julgar as questões envolvendo disciplina e competição, o Conselho de Ética do COB se confere uma competência que não possui.
Não estamos em uma terra sem lei, em que se pode passar por cima de tudo e de todos. Que prevaleça o bom senso. A briga política entre instituições e de egos não pode prejudicar o esporte e todo o sistema do voleibol.
O Sada Cruzeiro, como clube formador e que há quase 17 anos vem trabalhando pelo desenvolvimento do vôlei brasileiro, se posiciona de forma contundente contra a decisão do CECOB.
E acredita que todos devem questionar essa decisão descabida, que extrapola as normas e competências previstas na lei. A sociedade precisa compreender o que está se passando, que é uma clara intervenção pública e política no esporte brasileiro.
Wallace cometeu um grande erro. Se desculpou e foi punido. Ele e toda a sua família sofreram pelo ato infeliz. E por causa de seu ato ele será perseguido eternamente?
O Sada Cruzeiro informa que tomará todas as medidas jurídicas cabíveis para proteção dos direitos do atleta.
Entenda
No último 3 de março, o Cecob aplicou um gancho de 90 dias em Wallace pela publicação feita no Instagram, em janeiro, em que o jogador pergunta se alguém daria um tiro na cara do presidente Lula. No dia 12 de abril, o atleta e o Sada conseguiram uma liminar junto ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) do vôlei que autorizava a volta de Wallace às quadras.
Diante das decisões conflitantes e com as semifinais da Superliga prestes a começar, a CBV acionou o Centro Brasileiro de Mediação e Arbitragem (CBMA), que entendeu a prevalência da decisão do STJD. O jogador, então, passou a ser cotado para atuar, mas sequer ficou no banco de reservas nos dois jogos das semis. Na final, entretanto, começou entre os suplentes, mas foi acionado ao longo da partida, inclusive marcando o ponto título.
A nova decisão do Cecob considera ter havido um descumprimento da anterior e classifica o acionamento do CBMA como “ilegítima consulta efetuada a uma entidade privada que não possuía competência para decidir a questão posta”. O COB afirma que “não aceitou, nem aceita a intromissão do CBMA no caso em tela”.
Com informações O Tempo