A esteatose hepática é uma condição onde ocorre o acúmulo de gordura no fígado, acima de 5% do órgão. Esse acúmulo de gordura pode ser classificado em leve, moderado ou grave. Quando esse acúmulo dentro das células do fígado é constante e por tempo prolongado pode provocar inflamação e evoluir para quadros mais graves podendo chegar a cirrose e câncer do fígado. Acomete tanto adultos quanto crianças com um acometimento da população geral em torno de 30%.
2. Como a pessoa desenvolve a gordura no fígado?
A pessoa pode ter esteatose provocada pelo consumo abusivo de bebida alcoólica ou por condições que incluem a obesidade, Diabetes mellitus (açúcar no sangue), sedentarismo, gravidez, má nutrição, níveis elevados de colesterol e triglicérides, além de causas associadas a outras doenças do fígado e medicamentos. Em alguns casos, existe associação dessas condições.
3. Quais os sintomas dos portadores?
A maioria dos pacientes com esteatose são assintomáticos, embora alguns casos podem apresentar desconforto abdominal. Os sintomas mais evidentes decorrem da sua principal complicação: A cirrose hepática, onde o paciente pode apresentar ascite (acúmulo de líquido no abdome), hemorragia digestiva em decorrência do rompimento de varizes de esôfago, encefalopatia hepática (alteração neurológica).
4. Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico é feito pela ultrassonografia abdominal, onde muitas vezes é um achado acidental do exame que foi solicitado por outro motivo.
5. Qual o tratamento?
Após confirmada esteatose, deve ser feita a avaliação de consumo de álcool e das condições associadas para então traçar qual o melhor tratamento a ser instituído ao paciente.
O objetivo principal do tratamento é agir sempre na causa, portanto a mudança de estilo de vida e hábitos alimentares deve ser a primeira meta a ser traçada, estimulando o paciente na prática de atividade física diária (em média se recomenda a prática de exercícios físicos com duração de 150 minutos por semana, sempre após uma avaliação cardiológica) e dieta orientada por profissional da nutrição. No caso do uso de bebida alcóolica ser o fator determinante, é imprescindível a abstinência do consumo de álcool.
Não existe ainda um tratamento medicamentoso específico, porém são usados alguns medicamentos de acordo com as condições associadas, que devem ser controladas. Dentre eles, os sensibilizadores de insulina (metformina e pioglitazona), os hipolipemiantes (estatinas, quando necessário) e antioxidantes como a vitamina E. Tais medicações devem ser prescritas por profissional médico, caso haja necessidade.
6. Existem complicações?
A principal complicação da esteatose é a cirrose hepática e o câncer de fígado, onde o tratamento definitivo é o transplante de fígado, porém até que se chegue nessa indicação, as complicações decorrentes da cirrose devem ser controladas.
7. Faça suas considerações finais.
A esteatose hepática não pode e não deve ser negligenciada dados os problemas que decorrem da sua presença. A tendência dos pacientes é sempre o descuido com essa doença pois como cursa sem sintomas, o pensamento é que está tudo de forma normal.
O importante é evitar o uso excessivo de bebida alcóolica, a prática de atividade física regular para combater o excesso de peso e controles rotineiros através de exames. O importante aqui é a prevenção.
Convidada
Ana Lúcia Farias de Azevedo Salgado
CRM-SP: 84090
Médica Gastroenterologista
Colaboradora do Ambulatório de Esteatose Hepática da UNIFESP-EPM