O que é e como acontece esse tipo de câncer?
O câncer de estômago é também conhecido como câncer gástrico. O estômago é um órgão do aparelho digestório onde se inicia o processo de digestão dos alimentos, estando localizado na parte superior do abdômen, podendo ser acometido pelo câncer sendo o seu principal tipo o Adenocarcinoma que ocorre em até 95% dos casos. Se não considerarmos os tumores de pele não melanoma, os casos de câncer de estômago são o segundo tipo de câncer mais comum em homens na região Norte, sendo estimados para o Brasil cerca de 21.230 casos novos anuais ocasionando em torno de 13.850 mortes em decorrência do câncer gástrico na sua maioria em pessoas do sexo masculino. Em nosso Estado observamos uma taxa de 8,56 casos para cada 100 mil habitantes nas mulheres e de 25,51 casos por 100 mil habitantes nos homens.
Quais os sintomas do câncer gástrico?
Não há sintomas específicos do câncer de estômago. Porém, alguns sinais, como perda de peso e de apetite, cansaço, sensação de estômago cheio associados a vômitos, náuseas e desconforto abdominal persistente podem indicar tanto uma doença benigna (úlcera, gastrite, etc.) como também um tumor gástrico. Ao procedermos o exame físico, a pessoa portadora de câncer pode sentir dor, principalmente no andar superior do abdômen no momento em que o estômago é palpado.
Sangramentos gástricos são menos comuns no câncer de estômago, no entanto, o vômito com sangue pode se apresentar em cerca de 10% a 15% dos casos. Também podem surgir sangue nas fezes, fezes escurecidas, pastosas e com odor muito forte (indicativo de sangue digerido). Massas palpáveis na parte superior do abdômen, aumento do tamanho do fígado e presença de íngua na área inferior esquerda do pescoço e nódulos ao redor do umbigo indicam estágio avançado da doença.
3) Como é feito o diagnóstico do câncer gástrico?
Após uma avaliação médica adequada deve-se solicitar um exame de endoscopia digestiva alta. Para realizar esse exame, o paciente normalmente é sedado. Posteriormente, um tubo é introduzido pela boca, passando pelo esôfago e enfim chegando ao estômago. A endoscopia digestiva alta permite ao médico visualizar o esôfago e o estômago, além de fazer biópsias (retirada de pequenos fragmentos do tecido). O material da biópsia é enviado a um laboratório para que seja confirmado ou afastado o diagnóstico de tumor maligno e definido qual o tipo de tumor.
A partir da confirmação do diagnóstico do câncer gástrico, será necessário prosseguir com a realização de exames de imagens como tomografias computadorizadas para avaliar a extensão do tumor além de outros tipos de exames que deverão ser individualizados caso a caso.
Como faço a prevenção?
Não existe uma forma específica de se prevenir contra o câncer de estômago, mas existem atitudes que podem ser feitas para tentar reduzir o risco de desenvolver a doença.
Dieta, nutrição, peso corporal e atividade física
Praticar atividade física regularmente também ajuda a diminuir o risco de câncer de estômago. Além dos possíveis efeitos sobre o risco de câncer de estômago, manter um peso saudável e ser ativo também pode ter um efeito sobre o risco de vários outros tipos de câncer e problemas de saúde.
Uma dieta rica em frutas e vegetais frescos também pode reduzir o risco de câncer de estômago. As frutas cítricas, como laranja, limão podem ser especialmente uteis.
É recomendado que as pessoas mantenham uma dieta saudável, que inclua uma variedade de frutas e vegetais coloridos e grãos inteiros, e evite ou limite carnes vermelhas e processadas, bebidas adoçadas com açúcar e alimentos altamente processados.
O uso de álcool provavelmente aumenta o risco de câncer de estômago, portanto, evitar ou limitar a ingestão de álcool pode diminuir o risco.
Existe alguma evidência de que combinações de suplementos antioxidantes (vitaminas A, C, e E e selênio mineral) podem reduzir o risco de câncer de estômago em pessoas com má nutrição.
Evitar o consumo de tabaco
Fumar aumenta o risco de câncer de estômago proximal (porção do estômago mais próxima ao esôfago). O tabagismo aumenta o risco de muitos outros tipos de câncer e é responsável por cerca de um terço de todas as mortes por neoplasias.
Tratamento da infecção por H. pylori
Ainda não está claro se o tratamento com antibióticos deve ser administrado a pessoas cujo revestimento interno do estômago está cronicamente infetado com a bactéria H. pylori, mas que não apresentam sintomas. Alguns estudos iniciais sugerem que prescrever antibióticos para as pessoas com infecção por H. pylori pode reduzir o número de lesões pré-cancerígenas no estômago, reduzindo assim o risco de desenvolver o câncer de estômago. No entanto, mais pesquisas são necessárias para ter certeza de que esta é uma forma de prevenir o câncer de estômago em pessoas com infecção por H. pylori.
Para as pessoas com alto risco
Apenas uma pequena porcentagem de cânceres de estômago são causados pela síndrome de câncer gástrico difuso hereditário. Mas, é importante investigar isso, porque a maioria das pessoas que herda essa condição, eventualmente, terá câncer de estômago. Pessoas com histórico pessoal de câncer de mama lobular invasivo antes dos 50 anos, bem como de parentes próximos que tiveram câncer de estômago devem investigar a possibilidade de ter essa síndrome, fazendo um teste genético. Se o exame mostra que a pessoa tem uma anormalidade no gene CDH1, muitos médicos sugerem que o estômago seja retirado antes que o câncer se desenvolva. Outra síndrome de câncer hereditário com risco aumentado para câncer de estômago é a síndrome de Lynch.
5) Qual o tratamento?
Doença Localizada
O câncer de estômago é considerado localizado quando está restrito ao Estômago e aos gânglios linfáticos ao redor. Neste caso, o principal tratamento é a cirurgia. Durante o procedimento, o cirurgião primeiramente faz um exame visual do interior da cavidade abdominal, para verificar se não há disseminação do tumor que não foi constatada nos exames pré-operatórios. A decisão de retirar todo o estômago ou apenas parte dele depende de fatores como a localização específica do tumor, a extensão da lesão e o subtipo de câncer. Em algumas situações, como quando o tumor invade vasos sanguíneos de maior importância, a cirurgia pode não ser possível.
A realização da quimioterapia, antes e/ou após a cirurgia, em geral, aumenta as chances de cura (exceto nos tumores mais iniciais). Em casos selecionados, também pode ser necessário o tratamento com radioterapia após a cirurgia.
Câncer irressecável ou metastático.
Nas situações em que não é possível retirar o tumor com cirurgia ou em que há metástases (câncer espalhado para outros órgãos), o tratamento é paliativo. As metástases do câncer gástrico em geral estão localizadas no peritônio (membrana que recobre os órgãos digestivos e a parede interna da cavidade abdominal), fígado, pulmões, ossos, gânglios linfáticos distantes do estômago, cérebro e glândula adrenal.
O objetivo do tratamento paliativo é aliviar ou evitar sintomas, melhorar a qualidade de vida e prolongar a sobrevida. A escolha do tipo de tratamento paliativo depende dos sintomas presentes, da extensão do tumor e, principalmente, das condições físicas do paciente.
A quimioterapia paliativa pode, em alguns casos, prolongar a sobrevida e melhorar a qualidade de vida. É importante que esse tratamento seja feito de forma simultânea ao controle dos sintomas (medidas para controle de dor, sangramento, vômitos, etc.) e do suporte psicossocial ao paciente e familiares.
OLAVO MAGALHÃES PICANÇO JUNIOR
CRM-AP:1054
Médico formado pela Universidade do Estado do Pará.
Residência Médica em Cirurgia Oncológica no Hospital Ophir Loyola
Cirurgião Oncológico RQE:302
Cirurgião do Aparelho Digestivo RQE:303
Doutorado pelo Programa de Ciência Cirúrgica interdisciplinar da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) – Escola Paulista de Medicina (EPM)
Mestrado pelo Programa de Gastrocirurgia da UNIFESP-EPM
Membro Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica / Membro titular do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva / Membro Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica