1. O que é o autismo?
É um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por dificuldades de interação social, comunicação e comportamentos repetitivos e restritos. Pessoas dentro do espectro autista apresentam prejuízos na reciprocidade social e emocional, limitações nos comportamentos de comunicação, dificuldades em iniciar, manter e entender relacionamentos em situações sociais, também podem apresentar padrões ritualísticos, maneirismos motores estereotipados, interesses restritos, hiperfoco em assuntos ou objetos, além de dificuldades em lidar com alguns estímulos sensoriais do ambiente, como barulhos, ruídos ou luzes, por exemplo. Importante ressaltar que as manifestações variam dependendo do nível de desenvolvimento e da idade cronológica do paciente.
2. Como é feito seu diagnóstico?
O diagnóstico é clínico, portanto, deve ser realizado mediante avaliação, preferencialmente, de uma equipe multiprofissional, composta por fonoaudiólogo, psicólogo, médico, terapeuta ocupacional e psicopedagogo. O diagnóstico formal (ou laudo médico) é emitido por profissionais médicos, geralmente, neuropediatra ou psiquiatra infantil. Os profissionais terapêutas e educadores são elementos essenciais na condução deste processo e responsáveis por avaliações específicas em suas respectivas áreas.
3. Como pode ser realizado a intervenção precoce e quais são os seus benefícios?
A intervenção precoce pode ser realizada a partir do momento em que a criança apresenta sinais de risco para o TEA (Transtorno do Espectro Autista) ou àquelas que já tem laudo e são encaminhadas pelo neuropediatra para a terapia intensiva. A intervenção precoce e intensiva tem como objetivo reduzir a gravidade dos sintomas do TEA. Os bebês e as crianças pequenas têm um grande fator de favorecimento que é a capacidade do cérebro de evoluir rapidamente, através da neuroplasticidade cerebral e sobretudo, quanto mais cedo a intervenção, menores são os sintomas do autismo, o que facilita o tratamento. Existe um trabalho de Intervenção Precoce e Intensiva baseada no Modelo Denver, em que fazemos uma intervenção direta em todas as áreas do desenvolvimento, tais como, comunicação receptiva e expressiva, competências sociais, imitação, cognição, habilidades de jogo, motricidade fina, motricidade grossa, comportamento e independência pessoal, para crianças, de aproximadamente, 01 aos 05 anos de idade. Por meio desse tratamento, há eficácia no aumento das competências cognitivas e linguísticas da criança, interação social e iniciativa, diminuindo os sintomas do TEA e melhorando em geral o comportamento e a capacidade de adaptação.
4. Como trabalhar suas habilidades educacionais?
Desde os primeiros anos de vida, as crianças já precisam desenvolver habilidades pré-requisito para as áreas acadêmicas, tais como pegar, movimentar, girar, abrir, fechar, encaixar objetos utilizando as mãos e os dedinhos para adquirir força e destreza manual, além de formar conceitos básicos para a alfabetização como noção espacial, tamanho, lateralidade, agrupamento de objetos simples, formas, quantidade, dentre outros. Diante disso, no ambiente familiar, as crianças já começam a adquirir esses primeiros conhecimentos. Porém, quando há dificuldades para aprendizagem dessas habilidades básicas, é possível intervir no ambiente clínico terapêutico e educacional.
As crianças com autismo ou em investigação para transtorno do neurodesenvolvimento têm direito ao Atendimento Educacional Especializado (AEE), que deve ser oferecido dentro das escolas desde a Educação Infantil e um dos serviços é a realização de atendimento pedagógico complementar, por um educador especial ou psicopedagogo em uma sala de recursos multifuncional para trabalhar as habilidades em atraso e que podem gerar prejuízos acadêmicos ao pequeno estudante. Para as crianças em idade escolar, o atendimento é de suma importância para garantir o acesso ao currículo e fazer adequações curriculares ou estruturais no âmbito escolar, quando necessárias. Tudo isso precisa ser planejado e estar no PEI (Plano de Ensino Individualizado) do estudante, público alvo da Educação Especial, do qual os alunos com autismo fazem parte, por se tratar de um Transtorno Global do Desenvolvimento, portanto, trata-se de um direito garantido por lei.
No espaço clínico, tais habilidades das áreas cognitivas e motoras são avaliadas por um neuropsicopedagogo ou psicopedagogo e é feita uma intervenção focal para desenvolvê-las. Dentro do currículo do Modelo Denver de Intervenção Precoce, inicia-se o desenvolvimento dessas habilidades para o repertório acadêmico, no ambiente natural do paciente.
5. Faça suas considerações finais.
Gostaria de dizer aos pais que estão percebendo que algo pode não estar indo bem no desenvolvimento do seu filho, que procure uma avaliação especializada o mais cedo possível. Pois os seres humanos têm marcos no desenvolvimento e podem perder janelas de oportunidades para aprendizagem. Por isso, o diagnóstico e a intervenção o mais precoce faz toda a diferença para as crianças com atraso no neurodesenvolvimento. E aos pais de crianças com TEA é importante dizer que as crianças podem evoluir, desenvolver e crescer surpreendentemente, indo além de um diagnóstico.
Convidada
Hiana Miranda
Neuropsicopedagoga – CBO 2394-40
Formação Profissional em Intervenção Precoce baseada no Modelo Denver
Pós – graduanda em psicopedagogia comportamental
Esp. em Intervenção ABA para o TEA
Esp. em Atendimento Educacional Especializado (AEE)