Pela segunda vez em cerca de dois meses, um atirador foi avistado a uma curta distância do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump. No domingo, seguranças do Serviço Secreto abriram fogo contra um homem armado que estava escondido entre arbustos a poucos metros do candidato republicano à Presidência, e o FBI anunciou que o caso era uma “aparente tentativa de homicídio”. Agora, novas questões sobre a capacidade do órgão federal de proteger candidatos sob sua responsabilidade foram levantadas.
O Serviço Secreto reforçou a equipe de proteção de Trump após a tentativa de assassinato contra ele na Pensilvânia em julho — ocasião em que a agência foi duramente criticada pela sua atuação. Segundo autoridades atuais e ex-funcionários, o reforço das capacidades do órgão, que inclui a disponibilidade de mais agentes e maior inteligência em campo, pode ter contribuído para o desfecho da tentativa de ataque deste fim de semana, ocorrida no campo de golfe da Trump International, nos arredores da mansão do republicano em Mar-a-Lago, na Flórida.
O fato de que um atirador conseguiu ficar a cerca de 300 a 500 metros de distância do ex-presidente com um rifle semiautomático com mira telescópica, porém, destacou como muitos dos problemas expostos na Pensilvânia permanecem sem solução. Evidenciou, também, a dificuldade do Serviço Secreto de responder a um ambiente político imprevisível e cada vez mais violento. Assim como na última tentativa de assassinato contra Trump, os maiores problemas na proteção do ex-presidente parecem envolver a segurança do perímetro local, mesmo em propriedades que já são conhecidas, como as do republicano.
No domingo, um agente do Serviço Secreto que estava à frente de Trump no campo de golfe avistou o cano de uma arma — e foi isso que levou os agentes a abrirem fogo contra o suspeito, disse o xerife Ric Bradshaw, do condado de Palm Beach, numa entrevista coletiva. Ele afirmou que o ex-presidente republicano, uma das figuras mais polarizadoras do mundo, ainda conta com uma equipe de proteção menor do que a destinada a um presidente americano em exercício, o que limita as proteções que o Serviço Secreto e seus parceiros locais podem oferecer.
— Ele não é o presidente em exercício. Se fosse, teríamos cercado todo o campo de golfe — disse Bradshaw. — Mas, como ele não é, a segurança é limitada às áreas que o Serviço Secreto considera possíveis. Então, imagino que da próxima vez que ele vier a um campo de golfe, provavelmente haverá mais gente ao redor do perímetro.
Violência ‘sem precedentes’
Michael Matranga, um ex-agente do Serviço Secreto que protegeu o presidente Barack Obama, disse que a agência deveria “considerar seriamente dar a Trump o mesmo nível de proteção que o presidente dos Estados Unidos”, afirmando que os incidentes contra o republicano são “sem precedentes”. Parlamentares de ambos os partidos elogiaram as ações dos agentes no domingo, mas prometeram submeter a liderança do órgão federal, já cercada por críticas, a intensos questionamentos sobre a capacidade do suspeito de se posicionar tão perto do ex-presidente.
— O fato de haver um segundo incidente certamente justifica muita atenção e escrutínio — disse o senador Richard Blumenthal, democrata de Connecticut e presidente do subcomitê do Senado que investiga as falhas de segurança na Pensilvânia. — Certamente, um segundo incidente grave, aparentemente envolvendo uma arma de assalto, é profundamente alarmante e revoltante — acrescentou ele.
O senador Lindsey Graham, republicano da Carolina do Sul e aliado de Trump, disse que as investigações do Senado sobre as falhas de segurança no comício de julho citaram má gestão no Departamento de Segurança Interna, que supervisiona o Serviço Secreto, além de questões orçamentárias e morais. Ele afirmou que a agência “perdeu o foco e precisa de mais recursos”, e que “os agentes só trabalham, não têm vida”.
Com informações de O Globo