Era o dia de eu ir ao Psicólogo. Sempre que chega esse dia, eu sei que é um dia de novas experiências. Algumas engraçadas e outras também. Gosto de ficar na sala de espera, pois lá encontro com algumas pessoas que só nos vemos em dia de consulta. E logo eu penso: Todos precisando de ajustes e eu me incluo nessa lista.
Então chega um homem já beirando à terceira idade e fala:
— Eu não sei por que venho aqui. O médico tem a idade de ser o meu filho. O que eu aprenderia com ele?
Logo percebi que se tratava de alguém com a soberba lá em cima.
Sentou-se ao lado dele um rapaz com os seus 55 para 60 anos. Olhou para ele e disse de forma educada:
— Bom dia!
Então, o rei da soberba perguntou a ele:
— Você também vai com esse Psicólogo jovem?
— Sim!
— É a sua primeira vez?
— Não!
— Você concorda que ele é muito jovem para nos aconselhar? — indagou o velho soberba.
— Você acha que ele por ser jovem não pode nos ajudar? — perguntou o homem grisalho.
Pois bem! Eu quero falar-lhe dele.
— Ele vai deixando o seu legado onde o dia a dia da vida é uma pressão diária, onde as notícias se revezam entre heróis, vilões etc.
— Ele surge escolhendo o outro lado: o da coerência, da calma, sem perder a firmeza, porém ele passa, ainda, que está no início de sua longa jornada à beira do campo da vida, e quem o acompanha, desde o seu início, sabe que isso vai longe.
— Calma você está falando de quem? — perguntou o homem curioso.
Então o sábio continuou.
— Saiba que ele não tropeça no ego e nem se apressa no aplauso. Ele não se afoga em seu próprio eu, ele sabe que sempre o conjunto é o principal e que o caráter é o maior prêmio, juntamente com a coragem de defender aquilo que acredita, com educação, sem ironia e sem gritar mais alto, respeitando o próximo.
— Ao assumir o seu papel de ser humano, mostrou a serenidade de quem estudou a vida a fundo, como um ser exemplar desde quando nasceu, tornando-se referência moral e ética, um verdadeiro campeão, inteligente exemplar, líder no comando da sua própria vida e daqueles que ele se tornou responsável: a família.
— Por que pessoas assim são tão necessárias para o mundo?
— Porque ele não se omite, não se esconde atrás de desculpas, não se curva diante a polêmicas, ele se posiciona com clareza, mansidão, consciência, coragem e firmeza.
— No mundo de atalhos, ele escolheu os caminhos certos; no mundo de vaidades, ele escolheu a escuta, a empatia, pois ele sabe escutar, ele sabe afagar, ele se coloca no lugar do outro, ele optou pela firmeza dos princípios e desse ele não abre mão, ele não atropela a ética pela ótica momentânea, resgatando aquilo que é essencial, o caráter como pilar e o respeito como bússola.
— Ele sabe que dentro de cada pessoa, existem dores que ninguém conhece, sacrifícios que ninguém viu, cicatrizes que ninguém cuidou e que a vida é um sopro de esperança, um caminho bordado com lágrimas, dores e decepções, mas acima de tudo, ela é linda, pois oferece a ti a chance de recomeçar, de enxugar o rosto, erguer a cabeça e escrever uma nova página a cada dia.
— Vencer na vida, para ele, é uma questão de postura e, no mundo de hoje tão carente de exemplos, isso é de um valor imenso e vale mais do que qualquer bem material.
— Meu amigo, eu vim para cá achando que não aprenderia mais nada e que, por ter a idade que tenho, eu já sabia de tudo.
— Você tem filho?
— Sim, tenho um — disse o homem sábio.
— Você deve ter repassado tudo isso para ele, ele deve ser um rapaz notável.
— Ele é sim, pois foi ele quem me ensinou isso.
— Então, você estava falando dele? Eu quero conhecê-lo.
— Bem, você vai conhecê-lo. Se você está se referindo ao meu filho. Ele está atrás daquela porta. Ele é o Psicólogo.
— Mas o ser de quem eu estava falando, está dentro de você, basta conhecê-lo.
Jorge A. M. Maia