As pesquisas de intenção de votos, as manifestações, as falas, os resultados das eleições, parecem estar numa grande arena de confronto, duelando pelo menos pior. Penso se, como seres humanos, temos essa capacidade de definir o menos ruim a toda sociedade. Teria jeito de apontar objetivamente as escalas e números, para que, com isso, a análise de crescimento e superavit fossem consideradas e ponderadas em médio e longo prazos? Eu duvido.
Não que os estudos e as análises de experts deixem de ser confiáveis ou adotáveis, inclusive por investidores ávidos por mercados em potencial, mas não consigo ver o bom proveito de tais incursões pelo nosso próprio povo. Deixamos tocar pelas memórias emocionais, pelos apelos ideológicos e por admiração a nobres figuras midiáticas, sempre que vamos destituir de um o direito de fundamentar seus credos.
Credos! Passaram a ser as motivações desajustadas dos fatos e condutoras de estruturas funcionais coorporativas e organizações governamentais. Uma grande e poderosa família de um único tom encarnado! Viva a família! Tomou proporções em algumas décadas de Brasil e não aceita mais ser deposta. Ora, o que há de errado com isso? Os negócios “familiares” tendem a não tem ótimos resultados, convenhamos.
Os resultados passam a falar por si, mesmo que sobrevenham inúmeras narrativas que absolvem, os resultados gritam. Ainda que a grande família se enrede por setores sociais distintos, os resultados afloram. Mesmo que a família floreie com vozes belas e rostos simpáticos, os resultados espantam. Apesar de bem ornados em “fontes confiáveis”, ficam incongruentes.
A vida imitando a arte pejorativa- televisiva, cantada, dançada. Preciso, agora, aceitar que toda má administração, toda “má sorte”, toda ausência de desenvolvimento e de crescimento se resumem aos resultados dos últimos quatro anos. Que União, Estados e Municípios são regidos por um único Poder Executivo. Que, inclusive, os tributos são todos de competência e capacidade daquele mesmo ente federal. Que, de mais a mais, as estratégias de ordem mundial também têm como causa a administração publica federal. Enfim, é de tom intelectual e vermelho crer nessas coisas.
Subverter entendimentos e convicções nunca foi talento pessoal, entretanto, engolir cada mímica indutiva, como se desprovida estivesse de interesses personalíssimos, fogem a minha boa vontade. Inclusive eu, por óbvio, tenho grande interesse num resultado e não noutro. Diretamente, nada recebo, nada contrato, nenhum liame. Indiretamente, almejo forças a família mesmo, aquela que não se liga por interesses outros, que não os sanguíneos. Aquela que vem de geração em geração, que herda e comunga vitórias e derrotas. Aquela que terá que submergir e falhar ou até fraquejar, a depender das imposições a que estiver exposta.
Exposição, por vez, tem sua subjetividade, como qualquer coisa, no planeta dos humanos. Contudo, sob um candidato eleito, pode levar a punições diversas. Não gostaria de temer exposição de opiniões. Não, no Brasil. É mais um medo bobo, infundado, já que em regime econômico-social do século XXI, que beneficia a todos “igualmente”, temos os direitos intactos – refiro aos direitos individuais – e por conseguinte, o Estado, grande Pai, dá-nos os coletivos de bandeja. Uau! Então, o que temo?
Temer já não tem mais tanta graça, como em outros tempos, não por mim. Temo quando olho para um filho, quando ouço o sonho de uma filha, quando imagino as infinitas possibilidades sendo reguladas pelo paizão, o Estado.
Temo mesmo, por entender que a essência humana se rege pelo individual, pelo essencial suprir egóico, pelo ser humano, em si e para si. “Ah, mas a gente tinha isso e aquilo”. Recortes afetivos. “Bem, é que o discurso é ofensivo”. Costumo dizer que o fazer diz mais sobre você e eu do que o falar. “Nossa classe ficou desassistida”. São um Poder em três esferas. “Meu Deus, tivemos muito desastre na área tal”. Quão grande foi a omissão dos gestores de cada ente, seja município ou estado?
Dar um tom ao Brasil de grandes extensões é querer resumir demais a riqueza divergente de compreensão de mundo. Ninguém merece a missão. A gradação poderia, quem sabe, começar por contrapor resultados a narrativas, histórias de países vizinhos, ou distantes, a ideologias, paixão às escolhas racionais. Difícil mesmo. Prefiro tons variados e que me respaldem os direitos individuais e coletivos tão caros e pouco mantidos, mundo a fora, por esses dias.