A pergunta que me persegue torna-se cada vez mais insistente – onde a humanidade perdeu a humanidade?
Não é mais uma pergunta, é um grito diante de tantas atrocidades e procederes insanos. São crianças roubadas de sua infância por abusos físicos e psíquicos, incluindo a morte, a transgressão da esperança. São cidadãos violados de sua autonomia mental e abduzidos em cirandas ideológicas eivadas de intolerância e soberba – via púlpitos, palestras e/ou redes de internet. Um desastre total, para garantir riquezas e poderes para meia dúzia de monstros dos descaminhos ou ganâncias globais.
O que emergirá deste cenário obscuro, lúgubre e sufocante? Cenário de guerra no seio das famílias, das empresas, das instituições, das corporações e dos países, englobando a geopolítica e/ou sociopolítica de todo o planeta? Conseguirão os poucos loucos crentes no valor do ser humano fazer florir em abundante colheita as qualidades e princípios daqueles que persistem em espalhar sementes de bondade e empatia, de cordialidade e compreensão, de generosidade e justiça nas relações entre seres?
Meus olhos abrem com leveza suas cortinas, embrenho-me no balsâmico encanto de um canto do jardim. Aqui a natureza respira em sinfonia de cores e de perfumes, movimentos de luz e sombra sob o azul celeste.
A borboleta amarela pincela a aquarela das flores no entre os verdes do jardim,
um beijo aqui nas pétalas violeta, rosa e vermelha da alegre balsamina é o universo em expansão em si. Então, por segundos, apenas um breve instante, ela pousa sobre a branca cor das pétalas, ora dos jasmins ora das margaridas, antes de desparecer no tremeluzir dos ares ensolarados e oxigenados por constante brisa com cheiro de alecrim.