O que é o Lúpus Eritematoso Sistêmico?
O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES ou apenas lúpus) é uma doença inflamatória crônica de origem autoimune, cujos sintomas podem surgir em diversos órgãos de forma lenta e progressiva (em meses) ou mais rapidamente (em semanas) e variam com fases de atividade e de remissão.
São reconhecidos dois tipos principais de lúpus: o cutâneo, que se manifesta apenas com manchas na pele (geralmente avermelhadas, chamado lúpus eritematosos), principalmente nas áreas que ficam expostas à luz solar (rosto, orelhas, colo (“V” do decote) e nos braços) e o sistêmico, no qual um ou mais órgãos internos são acometidos.
Quem tem lúpus?
O lúpus pode ocorrer em pessoas de qualquer idade, raça e sexo, porém as mulheres são muito mais acometidas. Ocorre principalmente entre 20 e 45 anos, sendo um pouco mais frequente em pessoas mestiças e nos afrodescendentes. No Brasil, não dispomos de números exatos, mas as estimativas indicam que existam cerca de 65.000 pessoas com lúpus, sendo a maioria mulheres. Acredita-se assim que uma a cada 1.700 mulheres no Brasil tenha a doença.
O que causa o lúpus?
Embora a causa do LES não seja conhecida, sabe-se que tem associação com fatores genéticos, hormonais e ambientais. Portanto, pessoas que nascem com alguma susceptibilidade genética (por alteração em genes) para desenvolver a doença, em algum momento, após uma interação com fatores ambientais (irradiação solar, infecções virais ou por outros micro-organismos), passam a apresentar alterações no sistema imunológico (que é nosso sistema de defesa). Com isso há inflamação em diversos órgãos como na pele, mucosas, pleura e pulmões, articulações, rins etc.).
Quais são os sintomas da doença?
Os sintomas do LES são diversos e tipicamente variam em intensidade de acordo com a fase da doença. Tem períodos em que a doença está atividade, e outros está em remissão. É muito comum que a pessoa apresente manifestações gerais como cansaço, desânimo, febre baixa (mas raramente, pode ser alta), emagrecimento e perda de apetite. As manifestações podem ocorrer devido à inflamação na pele, articulações (juntas), rins, nervos, cérebro e membranas que recobrem o pulmão (pleura) e o coração (pericárdio). Outras manifestações podem ocorrer devido à diminuição das células do sangue e devido a anticorpos contra essas células. Esses sintomas podem surgir isoladamente, ou em conjunto e podem ocorrer ao mesmo tempo ou de forma sequencial. Crianças, adolescentes ou mesmo adultos podem apresentar inchaço dos gânglios (ínguas), que geralmente é acompanhada por febre e pode ser confundida com os sintomas de outras infecções como a rubéola ou mononucleose.
Como o diagnóstico é feito?
O diagnóstico é feito através do reconhecimento pelo médico de um ou mais dos sintomas acima. Ao mesmo tempo, como algumas alterações nos exames de sangue e urina são muito características, eles também são habitualmente utilizados para a definição final do diagnóstico.
Exames comuns de sangue e urina são úteis não só para o diagnóstico da doença, mas também são muito importantes para definir se há atividade do LES. Embora não exista um exame que seja exclusivo do LES, a presença do exame chamado FAN (fator ou anticorpo antinuclear), principalmente com títulos elevados, em uma pessoa com sinais e sintomas característicos de LES, permite o diagnóstico com muita certeza. Outros testes laboratoriais como os anticorpos anti-Sm e anti-DNA são muito específicos, mas ocorrem em apenas 40% a 50% das pessoas com LES.
Ao mesmo tempo, alguns exames de sangue e/ou de urina podem ser solicitados para auxiliar não no diagnóstico do LES, mas para identificar se há ou não sinais de atividade da doença. Existem critérios desenvolvidos pelo Colégio Americano de Reumatologia, que podem ser úteis para auxiliar no diagnóstico do LES, mas não é obrigatório que a pessoa com LES seja enquadrada nesses critérios para que o diagnóstico de LES seja feito e que o tratamento seja iniciado.
Quais tratamentos são feitos no Lúpus?
Devido à grande variabilidade das manifestações clínicas, o tratamento de pessoas com LES requer inicialmente a definição da extensão e gravidade da doença. É recomendado que a doença seja tratada por médicos com experiência, e exigirá a participação de uma equipe multidisciplinar de diversas especialidades médicas, psicólogos, fisioterapeutas e farmacêuticos, além de uma estrutura de apoio hospitalar e de investigação complementar.
O tratamento é através de medidas terapêuticas não medicamentosas, mas também por medidas farmacológicas. A dieta deve ser idealmente saudável e ajustada individualmente. Recomenda-se atividade física regular por conta de seus benefícios imunológicos e melhora da qualidade de vida (redução da fadiga e risco cardiovascular, e proteção da massa óssea).
O tratamento medicamentoso requer a definição de que os sintomas apresentados são exclusivos da doença e não de complicações associadas, tais como infecções.
Adaptado: Sociedade Brasileira de Reumatologia