O que é a compulsão alimentar?
A compulsão alimentar é um transtorno caracterizado por episódios recorrentes de ingestão exagerada de alimentos em um curto espaço de tempo, acompanhados por sensação de perda de controle. Após o episódio, são comuns sentimentos de culpa, vergonha e angústia.
Entre os tipos mais comuns de compulsão está a compulsão por doces, caracterizada por episódios de consumo exagerado de alimentos açucarados como chocolates, bolos, sorvetes e doces industrializados. Esse comportamento está associado à busca por prazer imediato e alívio emocional, e frequentemente ocorre em momentos de estresse, ansiedade ou tristeza. Apesar de parecer inofensiva, a compulsão por doces contribui diretamente para o ganho de peso, descontrole glicêmico e desenvolvimento de doenças metabólicas.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 70 milhões de pessoas no mundo sofrem com transtornos alimentares, sendo a compulsão alimentar o mais prevalente deles.
No Brasil, um estudo da USP (2023) com mais de 2.000 adultos mostrou que quase 50% relataram pelo menos um episódio de compulsão alimentar no último mês. Desses, 13% preenchiam critérios diagnósticos para o transtorno.
O transtorno acomete homens e mulheres, mas é mais comum no sexo feminino e em pessoas com sobrepeso ou obesidade.
Riscos para a saúde física e mental
A compulsão alimentar está diretamente relacionada a várias doenças crônicas: obesidade e ganho de peso descontrolado, Diabetes tipo 2, dislipidemia (colesterol alto), hipertensão arterial, esteatose hepática (gordura no fígado) e apneia do sono.
Pacientes com compulsão também têm maior risco de desenvolver doenças cardiovasculares, como infarto e AVC, especialmente quando o transtorno persiste por anos.
Mais do que um problema alimentar, a compulsão é um reflexo de sofrimento emocional. Estudos mostram associação direta com depressão, ansiedade generalizada, baixa autoestima, isolamento social, ideia de autoagressão ou suicídio em casos graves.
Segundo dados da ANAD (Associação Nacional dos Transtornos Alimentares), mais de 30% das pessoas com compulsão alimentar também têm transtornos de humor.
Além dos custos emocionais, a compulsão alimentar gera impacto direto no sistema de saúde e no bolso do paciente com mais gastos com medicamentos, exames e consultas, redução da produtividade no trabalho, aumento da taxa de absenteísmo e maior risco de invalidez precoce.
Em 2022, os transtornos alimentares custaram R$ 5,8 bilhões ao sistema de saúde brasileiro, somando internações, tratamentos ambulatoriais e aposentadorias precoces.
Existe tratamento?
Sim. O tratamento da compulsão alimentar é multidisciplinar com psicoterapia (especialmente a cognitivo-comportamental), avaliação nutricional e reeducação alimentar, medicações em casos moderados a graves e atividade física supervisionada.
Quanto antes diagnosticado, maiores as chances de remissão e menor o risco de sequelas duradouras.
A compulsão alimentar é uma doença complexa, multifatorial e muitas vezes invisível. Trata-se de um distúrbio que não está ligado à falta de força de vontade, mas a um desequilíbrio emocional e biológico que exige compreensão, empatia e tratamento especializado.
Compulsão Alimentar: Transtorno que devasta corpo e mente

Especialista em Nefrologia e Clínica Médica; Membro titular da Sociedade
Brasileira de Nefrologia Professor da Universidade Federal do Amapá
(UNIFAP); Mestre em Ciências da Saúde Preceptor de Clínica Médica. CRM
892 RQE 386