No período de comemoração do Dia dos Namorados é importante refletir sobre um aspecto muitas vezes esquecido: o impacto do amor na saúde e a ciência envolvida por trás das relações amorosas. Estudos mostram que relações afetivas saudáveis podem ajudar a viver mais e melhor.
Amor faz bem para o coração, literalmente. Pesquisadores da Universidade de Harvard acompanharam mais de 75 mil pessoas por 20 anos e descobriram que aqueles que possuíam relacionamentos satisfatórios tinham menor risco de doenças cardíacas, pressão alta e derrames. Isso não quer dizer que o amor seja um remédio milagroso, mas estar com alguém que te apoia pode melhorar hábitos como alimentação, sono e adesão ao tratamento médico.
Em um estudo da Universidade de Pittsburgh, mulheres em relacionamentos estáveis e felizes apresentaram menores níveis de cortisol, o hormônio do estresse. O excesso de cortisol, quando constante, está ligado a ganho de peso, insônia, hipertensão e até ao enfraquecimento do sistema imunológico.
O toque físico libera ocitocina, também conhecida como o “hormônio do amor”. Ela ajuda a reduzir a ansiedade, aumenta a sensação de bem-estar e fortalece o vínculo emocional. Pesquisas indicam que abraços frequentes em casais reduzem a frequência cardíaca, melhoram a saúde cardiovascular e a imunidade.
O amor também protege contra a depressão. Um estudo publicado na revista Psychosomatic Medicine mostrou que adultos com vínculos afetivos próximos tinham menos da metade do risco de desenvolver depressão do que aqueles que se sentiam solitários ou isolados.
É importante destacar que nem todo relacionamento é saudável, relações tóxicas fazem mal à saúde. Relações conflituosas ou abusivas estão ligadas a maior incidência de ansiedade, insônia, aumento da pressão arterial e até maior risco de infarto. O corpo percebe o estresse emocional como uma ameaça constante e responde com inflamação, inundando o corpo com hormônios de estresse e tensão muscular crônica.
Saúde sexual também é essencial visto que relacionamentos amorosos saudáveis geralmente envolvem intimidade física regular, que além de prazerosa, é benéfica para o organismo. Estudos mostram que a atividade sexual regular está associada à melhora da imunidade, controle da dor e até à melhora da autoestima.
Uma pesquisa britânica com mais de 3 mil adultos mostrou que pessoas com vida sexual ativa e satisfatória relatavam níveis mais altos de felicidade e menos sintomas de ansiedade. Pessoas que cuidam de si, dormem bem, se alimentam de forma equilibrada e buscam apoio quando necessário estão mais preparadas para se relacionar de forma saudável.
A relação afetiva equilibrada é um poderoso aliado da saúde. Ela não substitui remédios, mas é um complemento natural para uma vida mais longa, feliz e com propósito. No mês dos namorados é importante cuidar do coração não só com chocolates e flores, mas também com uma visita a seu médico.
O Raio X do Relacionamento

Especialista em Nefrologia e Clínica Médica; Membro titular da Sociedade
Brasileira de Nefrologia Professor da Universidade Federal do Amapá
(UNIFAP); Mestre em Ciências da Saúde Preceptor de Clínica Médica. CRM
892 RQE 386