O ocidente acumula enormes dívidas.
O Brasil como integrante do mundo ocidental sofre com fatores econômicos externos agravados com medidas internas que restringem não apenas os lucros (fator de atração para investimentos nacionais e internacionais) além da nossa produção no geral e, em especial o nosso grande motor da economia o agro sem que seus autores percebam o crime contra o povo e o pais que cometem.
A newsletter da equipe econômica do Banco C6 publicou na Edição #162, em 26/5/2025, a matéria que transcrevo.
“Dias atrás, a agência Moody’s rebaixou a nota de crédito dos Estados Unidos. O relato foi o seguinte: o tamanho e a trajetória da dívida americana inspiram cada vez mais cautela. O anúncio da Moody’s e a aprovação de um pacote que piora a situação das contas do governo levou os títulos longos da dívida dos EUA a atingir um dos maiores níveis de juros desde 2007. É um sinal de que os investidores estão preocupados em não ficarem há muito tempo.
Por que a situação se agravou? E por que o endividamento da maior economia global é um problema também para o resto do mundo? Os Estados Unidos deixaram de fazer parte do grupo de países “triplo A”. Essa é uma nota atribuída pelas agências de análise de risco para nações que se mostram mais confiáveis no pagamento de suas dívidas. A última tomada de decisão foi a Moody’s há alguns dias, mas antes a Fitch e a Standard & Poor’s já tinham feito o mesmo (em 2023 e 2011, respectivamente).
Isso por si já mostra que o problema vem se arrastando. Entre 2011 e 2024, o endividamento do governo dos EUA em relação ao PIB saltou de 67% para 98%. E não para por aí: segundo a Moody’s, esse número pode chegar a 134% do PIB até 2035. O assunto ganhou mais evidência na semana passada, com a aprovação de um pacote que piora a situação das contas públicas americanas. Entre as medidas está uma extensão do corte de impostos aprovado ainda durante o primeiro governo de Donald Trump em 2017, a autorizada de tributos para gorjetas e horas extras e o aumento de gastos com defesa.
Em contrapartida, o governo vai restringir o acesso aos programas de segurança alimentar e saúde (Medicaid), além de revogar subsídios e créditos para energia limpa. Tais medidas, no entanto, não são suficientes para fazer frente ao aumento de gastos e corte de impostos. No saldo, a proposta ampliará a dívida americana em US$ 3,1 trilhões até 2035 – o projeto é do Escritório do Orçamento do Congresso dos Estados Unidos (CBO).
Antes de entrar em vigor, a lei precisará ainda ser aprovada pelo Senado americano, casa que tem maioria republicana. Isso não significa que será uma votação simples, uma vez que existe uma ala do partido do presidente que é resistente à piora fiscal. E não é por acaso. O tema assustou investidores e causou uma piora no custo de financiamento do governo americano no longo prazo. Os juros do título de dívida dos EUA com vencimento em 30 anos superaram 5%, na semana passada. É um dos maiores níveis desde 2007, às vésperas da grande crise financeira.
Na prática, os investidores já estão cobrando juros altos para emprestar ao governo americano, vislumbrando os riscos maiores resultantes do crescimento da dívida nos próximos anos. A preocupação se dá porque a questão se assemelha a uma bola de neve. É simples: quanto maior o juro pago para financiar uma máquina pública, maior tende a ser a dívida. E quanto maior a dívida, maior tende a ser o juro. E assim sucessivamente. A respeito dos EUA, outros países também viram seus juros subirem de forma específica.
Japão, Alemanha, Reino Unido também enfrenta agora o maior custo de individualização em décadas, como mostra os gráficos acima. Parte disso se dá por uma ocorrência em cadeia – afinal, se a maior economia do mundo está em uma situação mais delicada, o restante tende a acompanhar. Outra parte (e até mais evidente) se dá pela preocupação com questões particulares. Em cada um desses países, há fatores também submetidos ao endividamento no longo prazo.
O Japão, país que já tem uma dívida elevada, deixou de ter juros básicos no campo negativo pela primeira vez em décadas. E o aumento das taxas tende a ter impacto sobre o tamanho total da dívida. Na Alemanha e no Reino Unido, além dos juros ainda no maior patamar desde 2009, os governos aprovaram recentemente medidas que pioraram a relação entre receitas e despesas.
A Europa como um todo parece agora mais disposta a ampliar gastos, em especial com defesa. Com o endividamento em alta, é difícil saber como os diferentes indicadores (juros, moedas, bolsas de valores) reagirão. Mas com a maior economia do mundo encabeçando a piora, há razões para o pessimismo.
Um passo atrás no Brexit? Os líderes do Reino Unido e da União Europeia anunciaram a primeira iniciativa de reaproximação desde o Brexit (como foi chamada a saída dos britânicos do bloco). Um dos pontos acordados é um pacto de defesa e segurança, que permitirá ao Reino Unido participar do fundo criado pelos europeus para o rearmamento do bloco.
O acordo também reduz burocracias e custos para a exportação de produtos agrícolas e estende até 2038 o acesso dos europeus à pesca em águas britânicas. Mas ainda há obstáculos para um avanço mais amplo. Apesar da intenção de facilitar a circulação de pessoas, especialmente dos jovens, o retorno à livre movimentação como era antes do Brexit está fora do radar. A reaproximação é um avanço, mas os efeitos econômicos, por agora, são limitados.
De acordo com as projeções oficiais, o impacto total para a economia do Reino Unido é de cerca de £ 9 bilhões até 2040, o equivalente a apenas 0,2% do PIB britânico. A expectativa agora é que os dois lados passem a se reunir anualmente para negociações. Mesmo com um impacto inicial modesto, o diálogo inaugura um novo momento na relação entre britânicos e europeus.”
Aqui no nosso pais existe um agravante cruel travestido em benefícios. Os nossos programas sociais, diferentemente do que ocorre em outros países, não servem para a reinserção dos beneficiados no mercado de trabalho, apenas os mantem cada vez mais inativos causando um grande problema de mão de obra. O que exponho não se trata de ser a favor ou contra qualquer governo que os manteve e os mantém, é apenas uma questão de uma verdade lógica. Precisamos evitar o erro de outros países e copiar os acertos, é preciso lembrar o que dizia Ronald Reagan: “O melhor programa social é o emprego.”
Enquanto não existem empregos suficientes para absorver a mão de obra não qualificada precisamos qualificar aqueles que estão amparados pelos programas sociais. Os programas de qualificação precisam ser ampliados e apoiados antes que as empresas sejam obrigadas à importar mão de obra qualificada de outros países dando preferência aos trabalhadores alienígenas em detrimento aos trabalhadores nacionais, o que redundaria na manutenção da pobreza dos nossos cidadãos.
Aí somos obrigados novamente a citar Ronald Reagan: “Não devemos julgar os programas sociais por quantas pessoas estão neles, mas quantas estão saindo.”