Todos nós, cedo ou tarde, seremos convidados à mais desafiadora de todas as missões da vida: aprender a amar verdadeiramente. E, talvez, o primeiro passo desse aprendizado seja perdoar. Perdoar os nossos pais — com toda a humanidade deles — e perdoar a nós mesmos e aos outros, incessantemente, por sermos seres em constante processo de construção, falhos, mas essencialmente amorosos.
Contudo, esse caminho não é simples. Há um emaranhado de dores, ressentimentos e lixo emocional acumulado ao longo da trajetória. E, como nos ensina o Dr. Joe Dispenza, grande parte do nosso sofrimento se mantém porque vivemos condicionados por pensamentos e sentimentos, presos a círculos viciosos inconscientes que se repetem todos os dias.
Segundo Dispenza, 95% da nossa mente funciona de forma subconsciente, como um piloto automático que nos arrasta a agir, reagir e sentir baseados em experiências passadas. Apenas 5% da mente atua de maneira consciente. Ou seja: a cada novo dia, acordamos com os mesmos sentimentos de ontem, produzindo os mesmos pensamentos, que acionam as mesmas químicas cerebrais, que reforçam os mesmos comportamentos. Estamos, como ele compara, iguais ao hamster girando sem sair do lugar em sua roda.
A psicologia também confirma essa prisão: na metade dos 30 e poucos anos, nossa personalidade já está consolidada. Nossas crenças, valores e reações emocionais tornam-se hábitos fixos, que operam de forma repetitiva. É nesse ponto que muitos percebem que suas vidas perderam a espontaneidade. Tudo parece pré-programado. Pensamento e sentimento tornam-se uma coisa só. Já não sabemos mais onde termina a mente e começa a emoção. Estamos presos ao looping.
É aqui que ressoa, com ainda mais força, o antigo chamado do filósofo grego Sócrates: “Conhece-te a ti mesmo”. Não como um convite abstrato, mas como um imperativo de libertação. Conhecer a si mesmo é o início do processo de quebrar o ciclo vicioso, de interromper o programa automático que nos impede de viver novas possibilidades de ser.
A neurociência moderna afirma que usamos 100% do cérebro, mas de maneira automática, repetitiva, previsível. Somos, na prática, criaturas de hábito. E quem já passou dos 35 anos carrega, além de boas lembranças, um repertório robusto de “certezas emocionais” que podem ser altamente perigosas. Muitas dessas certezas foram moldadas por dores, traumas e medos que nunca foram revisitados com compaixão.
Mas existe uma saída. O próprio Dr. Joe Dispenza propõe um caminho: quebrar o hábito de ser você mesmo. Criar uma versão nova e mais elevada de si, onde a mente consciente e o subconsciente não estejam em guerra, mas cooperem. E isso exige coragem. Exige auto-observação. Exige disciplina emocional. Exige fé em algo além do conhecido.
Por isso, perdoar — a si e aos outros — não é fraqueza, é ato de ruptura com o ciclo da dor. É um salto fora da roda do hamster. Amar, com maturidade, é uma decisão consciente. É aceitar que o passado nos formou, mas não precisa nos definir.
E, por fim, fica o convite: Qual versão de si você deseja criar hoje?
Comece reconhecendo que você tem o poder de sair do círculo vicioso. E esse poder começa no simples ato de querer ver — e viver — diferente.
Círculos Viciosos: O Maior Desafio da Existência Humana

Professora, historiadora, coach practitioner em PNL, neuropsicopedagoga
clínica e institucional, especialista em gestão pública.