É importante que a chegada de um irmão mais novo seja trabalhada desde o início da gravidez. Dessa maneira, o pequeno tem mais tempo para entender e assimilar a novidade. Além disso, participar de todo o processo aumenta o vínculo entre os irmãos. Portanto, é interessante que o primogênito participe de momentos importantes como a escolha do nome, a organização do quarto ou o exame de ultrassom, por exemplo.
Dividindo a atenção com o irmão mais novo
Quando, enfim, o caçula chega e passa a fazer parte do dia a dia da casa, a rotina da família vira de cabeça para baixo! Um bebê sempre demanda muita atenção e cuidado e, claro, seu pequeno logo vai perceber isso.
Segundo Fernanda Veiga, “é comum que a chegada de um irmão mude o comportamento do primogênito, porque ele ainda não consegue compreender muito bem e sente que vai perder a sua atenção”. O medo de ficar de lado, pode fazer com que o filho mais velho tenha algumas atitudes para chamar a atenção dos pais, como birras e comportamentos que não condizem com sua idade. Portanto, é muito importante que os pais mostrem que ele não irá perder o seu lugar na vida deles.
O ideal é reservar alguns momentos para passar com o filho mais velho, de preferência, fazendo programas que ele estava habituado a fazer antes, pode ser andar de bicicleta, ir ao cinema ou ao parque da cidade. No início, enquanto o caçula não pode sair de casa, os pais podem se revezar.
Outro ponto importante é, mesmo com as alterações na rotina, estar presente em momentos importantes do cotidiano do pequeno, como a ida e chegada da escola, as refeições e a hora de ajudar a fazer as lições de casa, por exemplo. Isso fará com que ele entenda que os pais continuarão a cuidar dele como antes e que ele não perderá o seu lugar. Logo, seu filho irá perceber que ter um irmãozinho, não significa menos atenção e, sim, ter alguém para dividir, brincar e contar por toda a vida!
Ciúme do novo irmão: como contornar
O nascimento de um irmão quando o mais velho provoca um inevitável “cataclismo interno”, porque a criança enfrenta uma fase de mudanças (ida para a escola, por exemplo) e ainda não conseguiu acumular recordações de família suficientes para se sentir segura.
O ciúme, além de normal, pode levar a uma competição sadia que ajuda os dois irmãos a crescer. É difícil, porém, pensar nesse lado positivo quando o mais velho começa a ter dificuldades para dormir, “desaprende” a calçar os sapatos se a mamãe não ajudar ou volta, por exemplo, a usar fralda e a fazer xixi na cama.
A pura verdade é a seguinte: mesmo usando toda a psicologia do mundo, dificilmente os pais conseguirão fazer uma criança pequena adorar a ideia de ter um irmãozinho. E, quando chegar, são imensas as probabilidades de ser recebido com agressividade mais ou menos explícita.
Subir no berço, enfiar os dedos nos olhinhos do bebê, pedir para os pais devolverem o “intruso” ou fingir que ele não existe (fazendo, por exemplo, desenhos da família só com “mamãe, papai e eu”) são atitudes bastante comuns.
Mesmo a menina de 3 anos que pegou o irmão no berço e estava prestes a jogá-lo na lata de lixo apenas dava vazão a um naturalíssimo desejo de se livrar da concorrência. Nada disso significa, porém, que as crianças vão crescer às turras. Mas é bom saber que tal fase de rejeição agressiva – mais comum quando a mais velha tem entre 1 e 3 anos – não passa tão depressa assim.
Os especialistas calculam que leva em torno de um ano e piora por volta dos 4, 5 meses da mais nova – época em que se torna mais “perigosa”, porque já faz gracinhas – e outra vez perto do primeiro aniversário – aí, a rival deixou de ser um simples bebê. Em compensação, se os pais (em especial, a mãe) souberem levar a coisa com jeito, podem transformar cada novidade do caçula numa manifestação de afeto pelo outro.
Veja só o que os especialistas recomendam para amenizar esse primeiro ano de ciumeira e sufoco:
– Lembrar sempre que o ciúme e a vontade de agredir são naturais e nunca dizer que a criança está sendo má ou fazendo uma coisa feia.
– Esforçar-se para lhe dar a mesma atenção de antes.
– Ter em casa brinquedos novos embrulhados para presentear o mais velho sempre que o outro ganhar um.
– Elogiar os progressos dele para que não fique tentado a se comportar como um bebê.
– Evitar que o caçula use objetos do outro (berço, mamadeiras, carrinho) se perceber que ele não está feliz com a ideia. Menos ainda, forçá-lo a dividir brinquedos.
– Falar e mostrar fotos do tempo em que ele também era bebê.
– Não cair na tentação de deixar o pai dar dedicação total ao mais velho como compensação – só aumentará a sensação de que a mãe não tem mais tempo para ele.
– Mostrar ao ciumento as vantagens de ser mais velho – sabe falar, andar, fazer um monte de coisas sozinho.
– Providenciar brinquedos que permitam à criança dar vazão à agressividade – massinha, material para desenho e um tambor são boas ideias.
– Não exigir silêncio por causa do bebê. Recém-nascidos são capazes de dormir em meio à maior confusão e o outro ficará mais ressentido.