Sim. E isso me estimulou muito a realizar esse tipo de atendimento, inclusive com pacientes de fora do estado, já que as doenças cardiovasculares são as principais causas de agravos em órgãos (ex. infarto, derrame) e também relacionadas a outras doenças (ex. pneumonia associada a pressão alta). Observei que além dos pacientes que já acompanhávamos por esses problemas de saúde e aqueles que realizamos cateterismo, surgiram muitos outros novos casos diagnosticados nesse período com hipertensão (pressão alta), colesterol elevado e/ou com sequelas pós-COVID19.
2. Então essas sequelas da COVID-19 têm relação com esse aumento de número de casos de doenças cardiovasculares?
De certa forma sim. Nós já sabemos que o mecanismo de entrada do vírus na célula humana é através de receptores expostos em abundância nas células pulmonares e cardíacas (chamado receptor ECA 2). Por isso, os sintomas pulmonares e cardiovasculares chamam tanta atenção nessa doença e tem maior gravidade nos grupos de risco e em pacientes que já tinham qualquer ‘desregulação’ no sistema respiratório (pulmão) ou circulatório (coração e vasos). Depois da infecção, vem a crescente inflamação (conhecida como tempestade inflamatória), causando lesões dos demais órgãos do corpo humano.
3. Atualmente já dispomos de medicações para combater esses efeitos inflamatórios?
Sim! Temos medicações que combatem a resposta inflamatória exagerada promovida pelo nosso sistema de defesa sobre o vírus. Mas eles não atuam somente na resposta inflamatória e podem provocar danos ao organismo. É como se tentássemos destruir um formigueiro na cozinha de casa com algumas granadas. Destruiríamos as formigas e certamente toda a cozinha, senão a casa inteira. Medicamentos tipo corticóides (prednisona, metilpredinisolona, dexametasona, etc.) fazem essa moderação (imunomodulação), que já foi documentada e salvam vidas, mas podem aumentar a retenção hídrica (ganho de peso) e também elevação da pressão e do açúcar (diabetes), podem também levar a alterações do colesterol e triglicerídeos, má digestão, insônia, cansaço, alterações do humor, que já estão desreguladas pela COVID-19.
4. Quais são as doenças cardiovasculares que chamam a atenção tanto nos pacientes antigos como nos novos?
As doenças cardiovasculares que mais chamam atenção é a hipertensão arterial associada ou não a elevação de colesterol e triglicerídeos, aumentando o risco de formação de coágulos (trombose) nos vasos periféricos (trombose venosa), pulmões (trombose pulmonar), cérebro (“derrame”) e coração (infarto).
5. Há muitos casos de infarto ou derrame após a COVID-19?
Sim! Infelizmente ainda não temos os números absolutos, mas já existem casos e estudos médicos publicados, que demonstram esse efeito a favor da trombose (formação de coágulos nos vasos sanguíneos e órgãos) levando a infarto, “derrame”, etc. E os motivos são, simplificadamente, a soma dos argumentos que citei anteriormente, tudo junto e misturado (risos).
6. Vi que você utiliza bastante suas redes sociais. Como você avalia essa ferramenta na relação médico-paciente?
Acho que as mídias sociais diminuíram a distância entre médicos e pacientes nesse isolamento social, provocado pelo coronavírus, deixando ambos mais a vontade para trocas de informações. Eu utilizo todas as plataformas para essa interação e percebo que os comentários e dúvidas geram boas afinidades, terminando frequentemente nos consultórios com exames e medicamentos bem indicados.
Dr. Achiles: Médico Radiologista; Professor da Unifap; Mestre em Ciências da Saúde
Hoje no #vemcomigofalardesaúde conversaremos com o médico Bruno Rebelo. Ele é cardiologista intervencionista e vai nos falar sobre a saúde do coração e as sequelas da COVID 19
Convidado da semana
Alex Bruno Rebelo.
Cardiologista Intervencionista.
Contatos:
Instagram: @brunomedc e
@cardioclinica