O presidente deixou claro que pretende uma ruptura institucional com a necessária ajuda dos militares. Para isso fica testando o alinhamento dos militares que o acompanham com seu intento de governar de forma absoluta. No parlamento tem uma bancada que simpatiza com seu propósito de sufocar a democracia. O STF, para ele, é um inimigo jurado com o qual não se sente à vontade, máxime quando reitera decisões que o desagradam. O certo é que qualquer povo mediano, com escassa capacidade de observação, já sentiria que nos vestiários da guerra há uma movimentação estranha, propicia para detonar o lombo dos resistentes.
No que tange ao combate à pandemia a acirrada guerra continua entre o negacionismo explícito do presidente e a luta árdua da maioria de governadores e prefeitos com a adoção das medidas sanitárias reputadas necessárias para a empreitada do enfrentamento. O jogo é duro e tem consequências irrespondíveis com o sacrifício da vida de quem deveria ou poderia ser salvo, caso houvesse um entendimento entre os governantes. O presidente no comando do Ministério da Saúde troca pessoas, mas não troca as estratégias. O novo ministro, coitado, parece um fantoche mal acabado que sofreu até com o seu ato da nomeação, sendo tratado como amante de terceira categoria. O saldo de tudo isso é de quase quatro mil mortes diárias.
O caldo de tudo isso é fétido e repugnante. O ambiente para o voo macabro dos abutres está armado. O Brasil virou o quarto de um cortiço da pior categoria, onde o palavrão é obrigatório nos diálogos e manifestação de seus ocupantes. A conversa que glamouriza é a de eliminar o adversário com o ritual diabólico de beber o seu sangue após o ato extremo. Há uma horda de valentes enrolados na bandeira brasileira que não se importam nem com seus familiares. São mulas voluntárias das contaminações que carregam após a participação eufórica em atos que denominam como a favor da liberdade de ir e vir, num desafio estrábico às medidas de restrições sanitárias.
Machado de Assis, que muito se ocupou da loucura, teria farto material para embasar suas obras nesse momento que o Brasil atravessa. Aliás, em suas obras já deixava claro que a loucura não é uma peculiaridade de mentes insanas e patológicas. Ela se revela no mais afortunado de ideias como, também, no mais indigente de pensamento, como é o caso particular que ora se analisa. O cruel é que tudo isso cheira a sangue, enxofre e atrai abutres que querem ver nossa brasilidade, traduzida em cidadãos pacíficos, transformadas em pessoas insanas que brigam pelo sagrado direito de uso da arma em contraposição ao sagrado direito de ler um livro ou escutar uma melodia que acalme a alma. O desafio não é espantar os abutres, mas excluir do meio social quem produz sua dieta.