Não se pode manter uma mentalidade igual à do século passado para geração de postos de trabalho. Quantos empregos diretos podem ser gerados com a definição de um plano, um programa e demais projetos, se o Brasil adotar um modelo de uso verticalizado dos recursos naturais. Ou seja, estamos falando da Bioeconomia e da Economia Verde.
O Protocolo de Nagoia, ratificado pelo Congresso Nacional, define as diretrizes e premissas para acesso à biodiversidade com regras, destacando o papel do estado e dos povos originários e comunidades tradicionais, e orientando a capital a entrar na floresta. Somado a outras leis nacionais – como o Sistema Nacional de Unidades de Conservação, a lei que dispões sobre acesso ao patrimônio genético, proteção e acesso ao conhecimento tradicional associado e repartição de benefícios para a conservação e uso sustentável da biodiversidade – mostra, de forma cada vez mais clara, que é possível desenvolver o território amazônico com floresta, pessoas e tecnologia.
Em 1997 no AP foi sancionada a Lei n. 0388 que dispõe sobre os instrumentos de controle do acesso à biodiversidade do Estado do Amapá, que já precisa ser modernizada. Outros marcos legais precisam ser definidos como instrumentos estratégicos como a Zona Franca Verde dentre outras.
A transição da economia mundial para um modelo mais verde e sustentável deverá criar 24 milhões de empregos, se países adotarem as políticas certas. É o que aponta um relatório da Organização Internacional do Trabalho, OIT, divulgado nesta segunda-feira. No Brasil, a diferença entre fechamento de postos e abertura de novas vagas também é positiva e chega a 440 mil novos empregos, segundo informou a OIT. Estamos falando de 620 mil novas vagas, o que mais do que compensa os 180 mil empregos que poderão ser perdidos (no Brasil). A proporção é de 3,4 novas oportunidades para cada demissão em território nacional. O relatório afirma, ainda, que a transição para a economia verde beneficiará a maioria dos setores pesquisados. Em todo o mundo, dos 163 setores produtivos analisados, apenas 14 perderão mais de 10 mil empregos. O fechamento das vagas se concentrará principalmente na indústria do petróleo.
Em recente publicação do jornal Valor Econômico, este dispara que o uso sustentável da natureza pode gerar negócios na ordem de U$ 10 trilhões globalmente pelas empresas. Essa estimativa é definida por estudo do Fórum Econômico Mundial que detalha ainda o potencial para gerar 395 milhões de novos empregos até 2030 com soluções positivas para agregar valor ao uso sustentável dos recursos naturais.
Três áreas são destacadas. Alimentos, terra e oceano, que gera cerca de U$ de trilhões e emprega até 40% da mão de obra mundial. A segunda área é infraestrutura e construção que engloba 40% do PIB mundial poderia ser aumentado com soluções de prédios inteligentes (água, energia, espaço, ambiência, resíduos…). O terceiro é energia e indústria extrativa que representa um quarto do PIB mundial.
As vagas de emprego para um Economia de Baixo Carbono estão lá, adormecidas. Chegou o momento. Quem é que vai fazer a “viração” da chave no Brasil para que este seja a primeira BIOPOTÊNCIA MUNDIAL? [email protected]
Marcelo Creão
Ex-secretário de Estado na SEMA-AP, mestre em Biologia Tropical e Recursos Naturais, professor de Gestão Ambiental na FAMA.