Após as tarifas impostas pelos Estados Unidos a exportações brasileiras, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem buscado atuar em diferentes frentes para minimizar os efeitos da medida sobre setores afetados. Uma delas é a negociação com países parceiros para ampliar o fluxo comercial e compensar eventuais perdas causadas pela sobretaxa de 50%.
Nesse sentido, o petista tem articulado telefonemas com líderes mundiais para discutir o tema. A expectativa é que, nos próximos dias, haja conversas com os presidentes da África do Sul, Cyril Ramaphosa, e da França, Emmanuel Macron, o chanceler alemão, Friedrich Merz, e a presidente da União Europeia, Ursula von der Leyen.
Um dos objetivos do governo brasileiro é acelerar acordos que possam beneficiar o setor de exportações. É o caso da União Europeia, que está em tratativas para finalizar um acordo de livre comércio com o Mercosul, cuja presidência temporária é exercida pelo Brasil. Lula já sinalizou que pretende fechar o pacto até o fim do ano, quando deixa o comando do bloco.
Na última semana, o titular do Planalto também conversou com chefes de Estado da China, Índia e Rússia, também na esteira do tarifaço e do aumento das tensões com os Estados Unidos. A Índia, assim como o Brasil, foi alvo de tarifas de 50% impostas pelo governo norte-americano. Em conversa com o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, os países se comprometeram a ampliar as parcerias em áreas como comércio, defesa, saúde e outros.
Na mesma linha, Lula conversou por telefone com o presidente da China, Xi Jinping. Os líderes trataram sobre a possibilidade de estudarem novas oportunidades de negócios entre as duas economias. Auxiliares do petista também vêm negociando a ampliação de parcerias com Pequim. O ministro da Casa Civil, Rui Costa, reuniu-se com o embaixador chinês para discutir novas frentes de mercados.
Já o ministro da Integração Regional, Waldez Góes, esteve em missão no país asiático, na última semana. Uma das questões debatidas foi rota marítima direta entre a região da Grande Baía (Guangdong‑Hong Kong‑Macau) e o Porto de Santana das Docas, no Amapá, para escoar produtos amazônicos com mais rapidez.
O tarifaço de Donald Trump
- O presidente norte-americano Donald Trump assinou, em 31 de julho, ordem executiva que oficializou a tarifa de 50% contra os produtos exportados do Brasil para os Estados Unidos. A sobretaxa entrou em vigor no último dia 6.
- Apesar disso, o líder norte-americano deixou quase 700 produtos fora da lista de itens afetados pela tarifa extra de 40%. Entre eles, suco de laranja, aeronaves, castanhas, petróleo e minérios de ferro.
- Os produtos isentos foram afetados apenas com a taxa de 10%.
- Na última semana, o governo Lula apresentou um pacote emergencial para reduzir os impactos das tarifas sobre exportadores.
Brics
Lula ainda articula uma videoconferência com países do Brics para discutir um posicionamento conjunto do bloco sobre as tarifas de Trump. A conversa, no entanto, ainda não tem data para ocorrer.
Em julho, por ocasião da reunião de cúpula do Brics, os membros acordaram uma declaração de líderes que criticava o “aumento indiscriminado de tarifas” e medidas protecionistas de comércio. O texto acabou sem menção aos Estados Unidos. Coincidentemente, no dia seguinte à declaração, Trump passou a ameaçar aliados do bloco com tarifas.
Fonte: Metrópoles