A Polícia Federal solicitou ao Supremo Tribunal Federal autorização para investigar as conexões entre o senador Ciro Nogueira (PP-PI) e o empresário do ramo de bets Fernando Oliveira Lima, conhecido como Fernandin OIG, dono da One Internet Group. A informação foi publicada pela Revista Piauí.
Segundo a publicação, o pedido, que estaria sob sigilo, foi distribuído no fim de maio para o gabinete da ministra Carmen Lúcia. Procurado pelo GLOBO, o senador não se manifestou até o momento. Por meio de nota, a PF disse que ” não se manifesta sobre eventuais investigações em andamento”. Já a assessoria de imprensa do STF afirmou não ter localizado processos recentes em nome do parlamentar, mas acrescentou que a ação pode estar sob sigilo.
Na mesma época, senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), relatora da CPI das Bets, pediu a exclusão de Nogueira do colegiado. O motivo é uma suposta viagem do parlamentar em um jatinho de Fernandin OIG, revelada em outra reportagem da revista Piauí. O senador viajou para a França, onde acompanhou o Grande Prêmio de Mônaco de Fórmula 1.
Além da viagem até a Europa, a revista afirma que Relatórios de Inteligência Financeira acessados pela CPI mostram transferências de Fernandin OIG para um ex-assessor de Ciro Nogueira no valor de R$ 625 mil. Na mesma época, o ex-assessor depositou R$ 35 mil na conta do senador. Nogueira afirmou à Piauí que o montante dizia respeito ao reembolso de uma reserva de hotel na Itália, enquanto os R$ 625 mil eram relativos ao pagamento de um relógio de luxo negociado entre Fernandin OIG e o ex-assessor.
Segundo a revista, o pedido feito ao STF é um desdobramento de uma iniciativa da senadora Soraya Thronicke, que reuniu dados da CPI e os enviou à Procuradoria-Geral da República e à Polícia Federal.
Em junho, os senadores rejeitaram o relatório final da CPI das Bets, apresentado por Thronicke. O documento pedia o indiciamento de uma série de influenciadores e empresários, entre eles, Fernandin OIG. Segundo o documento, ele e outros parceiros ligados à empresa utilizaram contratações para publicidade e serviços digitais como “fachada” para encobrir a origem de recursos provenientes de jogos de azar não regulados.
Os quatro votos que derrotaram o relatório final foram dados pelos senadores Angelo Coronel (PSD-BA), Eduardo Gomes (PL-TO), Efraim Filho (União-PB) e Professora Dorinha Seabra (União-TO). Além de Soraya, votaram a favor do texto os senadores Eduardo Girão (Novo-CE) e Alessandro Vieira (MDB-SE).
Em depoimento à CPI, em novembro do ano passado, Fernandin OIG disse que o Jogo do Tigrinho está “malfalado” por causa das empresas clandestinas, que usam algoritmos maliciosos e ficam com a maior parte do dinheiro das apostas. O empresário se propôs a entregar um estudo sobre elas à comissão e negou ser o dono do Jogo do Tigrinho no Brasil. O governo estima que há 5,2 mil sites de bets ilegais no país.
Fonte: O Globo