O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, diferente do presidente que está de saída, não diz que quem dá as cartas na agenda econômica é o ministro da economia. Já definiu que a prioridade de seu governo é o combate a fome custe o que custar. Essa afirmação colocou em polvorosa toda a turma da Faria Lima acostumada a ser prioridade no governo que sai. O medo da elite é que a responsabilidade fiscal seja jogada no lixo. A economista Maria da Conceição Tavares já dizia que um país cuja economia que não se preocupa com a justiça social é um país que condena seu povo ao desemprego e à miséria. Essa parece ser a orientação do novo governo para livrar o povo brasileiro do desemprego e da miséria.
A fala do novo presidente em priorizar o combate à fome deixou os tecnocratas alucinados, assim adjetivados aqueles que, segundo a economista Maria da Conceição Tavares, defendem que a prioridade é o mercado, bem perplexos, agitando o mundo financeiro. A bem da verdade, Luiz Inácio Lula da Silva disse o que todo economista que defende justiça social sustenta, isto é, é possível estabilizar a economia, crescer e distribuir, simultaneamente, sem que isso implique irresponsabilidade fiscal. Henrique Meireles, ex-presidente do Banco Central e player do mercado diz que “é provável que nunca um governo tenha de começar a gestão com tantos desafios e em meio a tantas dificuldades”. E finaliza: “será fundamental tomar as atitudes certas logo na largada”.
É preciso ressaltar que o governo que sai furou várias vezes o teto de gastos para se viabilizar eleitoralmente, jamais para combater a injustiça social, tanto que em seus orçamentos os recursos para os programas sociais foram esquecidos. O arauto da escola de Chicago, ministro Paulo Guedes, não tinha olhos e nem sensibilidade para adotar politicas que buscassem a justiça social. Seu desiderato era ver a bolha financeira de bem com a vida e distribuindo lucros nem que isso implicassem no aumento do número de miseráveis no Brasil e reconduzissem o país ao mapa da fome. Paulo Guedes era um sujeito do outro lado do balcão, avesso aos apelos sociais.
Luiz Inácio Lula da Silva faz bem ao priorizar o combate à fome num país que derivou perigosamente para a direita, cuja única preocupação é a saúde do mercado com os sacríficos dos menos favorecidos. Lula afaga as políticas de combate à fome como quem afaga um doente com graves problemas de saúde, dando-lhe especial atenção. Não adiante a Faria Lima se revelar desapontada querendo transformar responsabilidade social em irresponsabilidade fiscal. No momento, o Brasil não tem escolha, ou chora o pobre com fome na favela ou chora a Faria Lima na borda de uma piscina tomando um fino champagne Dom Pérignon. Que chore a Faria Lima!