Especialmente aos moradores da região norte do Brasil em especial falando da cidade de Macapá, estamos numa época de abundância na cidade. Sim! Macapá vive uma abundância que de certo modo é escasso em muitas outras cidade do Brasil. Estamos na época da temporada das mangas, a nossa cidade é uma cidade que graças a Deus tem muitas mangueiras. De modo geral, não é comum vermos frutíferas nas ruas das cidades brasileiras, mas aqui, temos em abundância. Uma abundância que ajuda a saciar a fome de pessoas e animais. É realmente incrível. Ao andar pelas ruas com muita facilidade somos agraciados por este presente. Digo que é graça de Deus renovada a cada novo dia.
Também, neste final se semana, o 4° no período da Quaresma, aos lermos os textos indicados para o culto, vamos perceber que também a graça do perdão está estampada em cada um dos textos, um alimento indispensável ao pecador. Esta graça e a certeza que o próprio Jesus nos lembra no Evangelho de João 14.2: “a casa do meu Pai há muitos quartos, e eu vou preparar um lugar para vocês. Se não fosse assim, eu já lhes teria dito.”
Por isso, neste quarto domingo na Quaresma, a Palavra de Deus nos convida a refletir sobre um dos aspectos mais profundos e transformadores da fé cristã: a reconciliação de Deus com o pecador mediante Cristo Jesus. Uma reconciliação que traz paz. O que significa ser reconciliado com Deus? Como essa reconciliação molda quem somos e o que fazemos? Os textos que lemos hoje nos apresentam diferentes perspectivas desta jornada: o Salmo 32 fala da alegria do perdão; Isaías celebra a salvação com louvor; Paulo nos lembra do ministério da reconciliação, e Jesus, através da parábola do filho pródigo, nos revela a profundidade da graça divina. Queremos percorrer cada um destes textos e compreendê-los, como sendo Deus falando conosco.
Começamos com o Salmo 32: que exalta a importância da reconciliação com Deus mediante a confissão de pecados. O salmista ao escrever o salmo relatando a sua alegria de ter sido perdoado, também nos permite enxergar com muita nitidez, o quão danoso é não assumir a culpa do pecado. Ele lembra que ninguém consegue ter paz se não confessar o seu pecado. Só quem já passou ou está passando por isso, sabe que o pecado não confessado traz canseira e muita dor interna. O não confessar-se pecador é um instrumento poderoso do qual, o diabo, se aproveita para nos importunar e ferir a nossa alma. Todavia, quando confessamos e nos assumimos pecadores, nós recebemos A bem-aventurança do perdão, uma alegria incomparavelmente melhor do que o choro e a dor. Com o perdão, até podemos chorar, mas de alegria. É um choro involuntário, misturado ao contentamento e satisfação, um choro que não precisa de consolo, mas um choro do alívio. Somente a graça do perdão pode fazer isso na vida do pecador.
O salmista Davi, nos convida a confissão, ele diz, nos versículos 3-5: “(3) Enquanto não confessei o meu pecado, eu me cansava, chorando o dia inteiro. (4) De dia e de noite, tu me castigaste, ó Deus, e as minhas forças se acabaram como o sereno que seca no calor do verão. (5) Então eu te confessei o meu pecado e não escondi a minha maldade. Resolvi confessar tudo a ti, e tu perdoaste todos os meus pecados.”
O Salmo 32, exalta a felicidade daqueles que recebem o perdão de Deus. O salmista declara: “Feliz aquele cujas maldades Deus perdoa e cujos pecados ele apaga!”. Este texto, nos ensina que esconder nossas falhas, leva ao sofrimento espiritual, mas confessar nossos pecados nos traz cura e alívio. Deus é aquele que nos cerca de “alegres cantos de livramento.” (v. 7 (ARA)), mostrando que o perdão divino transforma tristeza em alegria. Como podemos aplicar isso em nossas vidas?
Primeiro passo é fazer aquilo que acabamos de fazer no começo do culto: confessar-se perante Deus. Sem arrependimento não existe vida, tenho dito e repito: A vida verdadeira começa com Jesus, nos limpando o pecado com o seu sangue precioso derramado na cruz. O perdão de Deus, não é algo distante; é uma realidade que está ao nosso alcance quando nos humilhamos e reconhecemos nossa necessidade de redenção. Na Quaresma, somos desafiados a refletir e confessar nossas falhas, recebendo com gratidão a graça de Deus.
Por sua vez também temos o texto de Isaías 12, que nos traz um cântico de louvor ao Senhor. Isso por que, no Senhor está toda a fonte de vida e esperança para a vida das pessoas. Se no passado o pecado e o seu peso nos triturou até mesmo os nossos ossos, dando-nos a sensação que não existia a salvação, agora em meia as dificuldades do povo, Isaías convida ao povo de Israel e a cada um de nós para olharmos a nossa vida, e ver que Deus, quando anuncia os seus juízos contra o seu povo que se rebela, não quer castigar, mas quer que o povo abandone o seu mau caminho e viva na graça oferecida por Deus. E a todos que ouvem a voz do bom pastor Jesus, encontram a paz e, podem ficar com o coração jubilantes de felicidade.
A alegria daquelas que bebem da fonte da vida é única, nada no mundo, nenhuma sensação é tão significativa que pode ser conhecida com relação a paz que vem de Deus. Ninguém consegue ter o genuíno sabor de cantar louvores a Deus sinceramente se não estiver cheio da graça do perdão. Isaías 12.2-5,6: “(2) Pois o Senhor me dá força e poder, ele é o meu Salvador. (3) Cheios de alegria, todos irão até as fontes e beberão da água que os salvará.” (4) Naquele dia, todos cantarão esta canção: “Louvem o Senhor! Gritem pedindo a ajuda de Deus! Digam a todos os povos o que ele tem feito e anunciem a sua grandeza. (5) Cantem hinos de louvor ao Senhor, pois ele fez coisas maravilhosas. Que o mundo inteiro saiba disso! (6) …Pois o santo e poderoso Deus de Israel mora no meio do seu povo.” O profeta celebra a restauração do povo de Deus, anunciando que o Senhor é a nossa força e salvação.
Por isso, todo o cristão Luterano, e todos, que confiam na graça de Deus, reconhecem mediante as Palavras bíblicas, os feitos de Deus, que bondosamente são visíveis em Cristo Jesus, o Homem-Deus, que morreu de braços abertos para nos perdoar os pecados. Tão logo, todo o pecador que reconhecer a obra de Cristo, para Salvação da humanidade, naturalmente se enche de gratidão e, essa gratidão nos inspira a viver uma vida que glorifique a Deus. Esse louvor não é apenas individual, mas comunitário, uma vez que a igreja é chamada a proclamar as maravilhas de Deus ao mundo que dorme, e precisa ser despertado.
Por sua vez, o Apóstolo Paulo 2 Coríntios 5.16-21, nos lembra que, em Cristo, somos uma nova criação, ele diz, em 2 Coríntios 5.17: “Quem está unido com Cristo é uma nova pessoa; acabou-se o que era velho, e já chegou o que é novo. A reconciliação realizada por Cristo é o ato central da obra de Cristo. Deus nos reconciliou consigo mesmo e agora nos confia o ministério da reconciliação. Ou seja, nós não fazemos mais as coisas por nossa vontade, mas as nossas obras são um reflexo de uma vida alegre, mesmo em meio ao turbilhão de sofrimentos que temos no mundo.
A vida é uma vida que não se agarra, mais ao passado, mas nos leva a termos um olhar altivo, que nos faz enxergar o que antes da fé não enxergávamos. Temos por meio da fé o olhar que já vislumbra uma eternidade. E essa esperança nos faz em meio aos pecados que ainda cometemos, poder confiadamente dizer: Senhor Deus, sim, eu pequei, mas confio que o Teu filho o meu Redentor vive, e que Ele já pagou o preço da minha maldade. Por isso, a minha causa está nas mãos de Jesus que a resolverá contra o diabo que me acusa. Também podemos dizer: Senhor Deus, sou grato, a tua graça é tão abundante que até mesmo o teu Espírito Santo está intercedendo em meu favor. Temos essa certeza em Romanos 8.26: “o Espírito de Deus vem nos ajudar na nossa fraqueza. Pois não sabemos como devemos orar, mas o Espírito de Deus, com gemidos que não podem ser explicados por palavras, pede a Deus em nosso favor.” Que doce alegria, por isso podemos dizer perfeitamente, conforme: Romanos 8.18: “Eu penso que o que sofremos durante a nossa vida não pode ser comparado, de modo nenhum, com a glória que nos será revelada no futuro. ” Que abundância e fartura de graça Divina! Por isso, ao sermos sido Salvos por Cristo, também dele recebemos uma incumbência enquanto não chegar o dia do Senhor. Nós temos a função de sermos Os Embaixadores de Cristo, e assim levar essa mensagem ao mundo. E a mensagem é clara segundo Paulo em 2 Coríntios 5.19: “(19) Deus não leva em conta os pecados dos seres humanos e, por meio de Cristo, ele está fazendo com que eles sejam seus amigos. E Deus nos mandou entregar a mensagem que fala da maneira como ele faz com que eles se tornem seus amigos. (20)Portanto, estamos aqui falando em nome de Cristo, como se o próprio Deus estivesse pedindo por meio de nós. Em nome de Cristo nós pedimos a vocês que deixem que Deus os transforme de inimigos em amigos dele.” Tão logo, fica claro que o perdão não é apenas algo que recebemos, mas algo que somos chamados a compartilhar.
Entendendo isso, agora podemos compreender como é grande a graça de Deus que se coloca como um Pai que além de esperar o seu filho, vai ao encontro para buscar o filho perdido. A parábola do filho perdido/pródigo, registrada em Lucas 15.11-32, é sem dúvidas uma das parábolas mais conhecidas entre as parábolas do Evangelho. Ali temos uma descrição perfeita de quem é o ser humano, mas também de quem é Deus. Um Deus que se coloca como um verdadeiro pai. Um pai que quer ter seus filhos ao seu redor. Todos eles. Também, essa Parábola que expõe a dura realidade do pecador. Que acha que pode ficar longe da casa de Deus Pai e ainda assim achar que vai sobreviver. Sem Deus não há vida tenho dito e repito: não há vida.
Todavia, esta parábola também, é um doce recorte da essência do próprio Deus que vai ao nosso encontro para nos levar para casa e, o próprio Pai prepara um banquete ao filho arrependido. O mundo diz: não quis obedecer, se vire, plantou colheu, se envolveu em confusão, aguente as consequências. Mas, Deus deseja mudança de vida, Ele quer a nossa Reconciliação e assim nos dar a alegria na sua graça. A situação do filho é desesperadora, assim como a situação do pecador, o filho pródigo rejeitou tudo o que bom e agradável aos olhos do pai. Onde o filho achava que teria dignidade só teve sofrimentos. Onde o pecador no mundo acha que terá dignidade, só achará, sofrimento. A paz, e o repouso seguro estão na casa do Pai.
É, imprescindível retornar ao pai com arrependimento. E Deus em vez de nos rejeitar, ele nos aceita de volta. A exemplo da parábola, Deus nos convida a retornar ao Pai com confiança, sabendo que sua graça nos transforma e nos restaura. Além disso, somos chamados a imitar o coração do pai, demonstrando graça e reconciliação com aqueles ao nosso redor.
Amados, os textos de hoje nos revelam a beleza da reconciliação e o poder da graça. Que neste período da Quaresma, possamos confessar nossos pecados com sinceridade, louvar ao Senhor pela salvação, viver como embaixadores da reconciliação e nos identificar com a parábola do filho pródigo, retornando ao Pai com confiança e alegria.
Que Deus nos fortaleça para vivermos como Seus filhos restaurados e testemunhas do amor redentor de Cristo. Que nunca nos falte a abundância da sua graça e bondade. Amém!
A ALEGRIA DA RECONCILIAÇÃO NA GRAÇA DE DEUS

Pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil em Macapá – Congregação
Cristo Para Todos; também atua como Missionário em Angola e Moçambique