Cinza ou Rosa?
Uma viagem pela fisiologia, possibilidades e caminhos terapêuticos do cérebro humano
Quando pensamos no cérebro humano, é comum imaginá-lo como uma massa acinzentada cheia de sulcos e mistérios. Mas, afinal, o cérebro é cinza ou rosa? A resposta depende de como o observamos. Em vida, o cérebro tem tonalidade rosada devido ao fluxo sanguíneo intenso. Após a morte, sem irrigação sanguínea, adquire o tom cinza pelo qual é popularmente conhecido. Este detalhe de coloração é apenas a porta de entrada para um universo surpreendente de curiosidades e potencialidades. Que nem de longe ouso esgotar esse assunto, visto que nem mesmo os Neurologistas ou Neurocientistas dizem que dominam o tema cérebro; o que deixa esse assunto ainda mais interessante e atrativo para estudiosos de todas as áreas.
75% de água e nenhuma dor
O cérebro é composto por aproximadamente 75% de água, o que destaca a importância da hidratação para o bom funcionamento neurológico. Essa estrutura extraordinária, que pesa em média 1,4 kg em adultos, é também um dos órgãos mais protegidos do corpo humano. No entanto, apesar de seu protagonismo, o cérebro não possui receptores de dor, o que o torna insensível a estímulos dolorosos. Essa peculiaridade permite que algumas cirurgias cerebrais sejam realizadas com o paciente acordado e sem anestesia local no tecido cerebral.
Um caso real: a cirurgia de um militar com Parkinson
Um exemplo marcante dessa técnica ocorreu em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, no Hospital Militar de Área, onde um militar reformado de 45 anos, o primeiro-tenente Pedro Beatriz Neto, foi submetido a uma cirurgia inédita no estado para tratar os efeitos do Mal de Parkinson. O procedimento consistiu na implantação de um eletrodo cerebral para estimulação elétrica profunda (DBS – Deep Brain Stimulation).
Durante a cirurgia, o paciente permaneceu acordado, colaborando com os médicos em tempo real, permitindo ajustes finos na posição dos eletrodos para garantir precisão e eficácia. A ausência de receptores de dor no tecido cerebral tornou essa abordagem possível e segura.
Após o procedimento, o tenente relatou uma melhoria significativa na qualidade de vida, voltando a realizar atividades antes limitadas pela doença e reencontrando seu papel de pai e cidadão ativo. Esse caso destaca os avanços da neurocirurgia e a impressionante capacidade do cérebro de ser operado com consciência preservada.
Glicose e oxigênio: o combustível da mente
Embora represente apenas cerca de 2% do peso corporal, o cérebro consome aproximadamente 20% do oxigênio e da glicose que ingerimos. Esses nutrientes são vitais para manter suas funções ativas. A glicose é sua principal fonte de energia, e mesmo uma leve queda em seus níveis pode afetar a concentração, a memória e o raciocínio. Daí a relação direta entre alimentação, oxigenação adequada e desempenho cognitivo.
A maturação só aos 25 anos
Outro dado fascinante é que o cérebro só atinge sua plena maturidade por volta dos 25 anos de idade. Antes disso, áreas como o córtex pré-frontal – responsável pelo controle de impulsos, planejamento e tomada de decisões – ainda estão em desenvolvimento. Essa informação tem implicações importantes nas áreas da educação, da justiça e da psicologia, ajudando a compreender comportamentos típicos da adolescência e juventude.
Perspectiva pedagógica e terapêutica: disciplina e método que curam
Nos campos educacional e terapêutico, o conhecimento sobre a fisiologia cerebral é um aliado poderoso. A neuroplasticidade — a capacidade do cérebro de se reorganizar — permite que estímulos positivos, experiências enriquecedoras e práticas disciplinadas transformem profundamente a estrutura e o funcionamento cerebral.
Métodos pedagógicos personalizados e intencionalmente dirigidos ao estilo cognitivo de cada pessoa favorecem o desenvolvimento de competências como atenção, autorregulação, raciocínio lógico e inteligência emocional. A prática disciplinada, acompanhada de rotina estruturada, organização do ambiente e incentivo à curiosidade, ativa circuitos cerebrais de forma benéfica e duradoura.
Na dimensão terapêutica, o uso de abordagens como a psicoeducação, a hipnoterapia, a leitura fisiognomônica e a inteligência emocional — quando bem conduzidas por profissionais especializados — ajuda a desbloquear traumas, melhorar a autoestima e reestabelecer o equilíbrio mental. A combinação entre método e empatia é o que muitas vezes promove saúde integral e qualidade de vida.
Conclusão
O cérebro humano, rosa ou cinza, é uma maravilha da criação. Criação que eu gosto de chamar de Deus! Ele nos move, nos faz sentir, pensar e ser. Conhecê-lo em sua fisiologia e plasticidade é o primeiro passo para respeitá-lo, cuidar dele e desenvolver estratégias que promovam seu crescimento saudável. Entre mistérios e certezas, ele permanece sendo o órgão mais enigmático e essencial do corpo humano — e um campo fértil para descobertas, aprendizagens e curas.
CINZA OU ROSA

Professora, historiadora, coach practitioner em PNL, neuropsicopedagoga
clínica e institucional, especialista em gestão pública.