Vivemos em um tempo em que as vozes mais altas não são necessariamente as mais sábias. As redes sociais transformaram-se em imensas praças públicas, onde cochichos se amplificam e buchichos se espalham com velocidade impressionante. Muitas vezes, a “verdade” não é fruto de reflexão ou análise, mas simplesmente da replicação do que se ouviu, leu ou assistiu em pequenos fragmentos de tela.
Levamos milênios para iniciar nosso acervo linguístico escrito, desde conchas de barro, na Escrita Cuneiforme Sumeriana, aos Papiros Egípcios até a celulose que deu vida às folhas de papel que insistem nos dias de hoje a existir, quer nas empresas, nas escolas, pouco presentes, mas também encontradas nos lares. Até as transações financeiras, realizadas em papel moeda estão paulatinamente sendo substituídas pelo dinheiro digital ou de plástico.
Essa tendência atual de apenas consumir o que chega de forma rápida e superficial, sem questionar, sem aprofundar e, sobretudo, sem escrever, revela um risco silencioso: a perda da prática da leitura real, pausada, e da escrita manuscrita, que organiza pensamentos e constrói identidades. Hoje, abrir um caderno e escrever, mergulhar em um livro de papel ou refletir sobre um texto impresso já é quase um ato revolucionário.
Entretanto, é justamente na contramão dessa superficialidade que encontramos um ponto de esperança. As gerações mais novas, por instinto, sempre carregaram uma característica curiosa e subversiva: a atração pelo que é proibido, pelo que não está ao alcance imediato, pelo que é escondido ou considerado ultrapassado. E é aí que mora a “salvação da lavoura”.
Ao se depararem com o livro físico, com a letra escrita à mão, com o conhecimento que não cabe em “memes” ou “stories”, os jovens podem transformar essa curiosidade natural em rebeldia produtiva. Afinal, como ensina Elton Euler, “tudo muda quando alguma coisa muda”. E nada é mais revolucionário hoje do que resgatar o simples ato de ler de verdade e escrever de próprio punho.
Sem leitura física e sem escrita manuscrita, nenhuma revolução pessoal, positiva e transformadora de vidas poderá ter curso. Por isso, afirmar que ler e escrever são atos revolucionários não é exagero: é uma constatação. Num mundo dominado por cochichos digitais, o verdadeiro grito de liberdade pode estar escondido nas páginas silenciosas de um livro ou no risco firme de uma caneta no papel. Há! E essa revolução acontece no interior de cada ser humano!