Desde que o primeiro ser humano acendeu uma fogueira e percebeu que o calor atraía os outros para perto, estamos condenados — ou abençoados — a viver em grupo. A nossa natureza é gregária. Não apenas por escolha, mas por necessidade. A história humana não é feita de heróis solitários, mas de comunidades inteiras que se apoiaram, se protegeram e se alimentaram juntas.
Nosso caminho começou nas Eras da Pedra, quando a força não estava no braço individual, mas na caçada coletiva, no olhar atento que vigiava a entrada da caverna enquanto os outros dormiam. Depois, vieram as Eras dos Metais, quando o domínio do bronze e do ferro nos deu ferramentas para cultivar a terra e forjar armas — sempre com um propósito comum: garantir a sobrevivência do grupo.
A Revolução Agrícola nos fixou ao solo e nos ensinou que plantar e colher juntos é mais seguro do que errar sozinho pelo mundo. Com o carvão, o vapor e a fábrica, a Revolução Industrial não apenas transformou a economia, mas também as relações humanas, reunindo multidões em cidades, operários em turnos e sonhos em máquinas.
Tudo isso acontecendo enquanto nos humanizávamos, haja vista que, o “homem é o lobo do homem” e, cada vez que a humanidade avançava, nossa natureza instintiva do orgulho e do egoísmo também mostrava suas garras e, nenhuma dessas gerações se desenvolveu apenas pelo amor mas, principalmente pela dor, pelo desejo de poder, da cobiça, da guerra, o quê as religiões chamam até hoje de pecado das origens, marcada pela perda da vida no Jardim do Éden de um Deus Criador e, que os expulsou e os marcou para viverem com o suor do rosto e a força de suas energias corporais e mentais.
Cada agrupamento humano, cada civilização foi criando suas narrativas míticas e as mais conhecidas no Ocidente até hoje são as Gregas, as Romanas e as Judaicas.
Hoje, estamos naquilo que se convencionou chamar de Revolução Cibernética e Digital. Uma era fascinante, onde a informação viaja à velocidade da luz e a voz de alguém pode atravessar oceanos em segundos. Mas é também um tempo estranho e perigoso.
Pela primeira vez, o maior paradigma da nossa história parece inverter nossa essência. O homem moderno, orgulhoso de sua autonomia, sonha em ser célula — isolada, independente, conectada apenas por cabos e sinais invisíveis. Troca o abraço pelo emoji, a conversa pelo áudio gravado, o olhar pelo vídeo com filtro. Vive na ilusão de estar conectado, mas muitas vezes é apenas um náufrago em uma ilha digital, cercado de vozes, mas sem presença.
Somos fortes no feixe de palitos, como já dizia a velha fábula: juntos, quase impossíveis de quebrar. Mas separados, frágeis, quase nada. A tecnologia, se não for usada para aproximar, corre o risco de nos tornar artificiais — e não há máquina que substitua o calor de uma fogueira, o conforto de um olhar ou a segurança de saber que, no fim, não estamos sozinhos.
Porque, de geração em geração, a nossa história sempre provou: ninguém sobrevive isolado.
Juntos somos fortes, sozinhos somos grãos de areia, à deriva, à mercê dos ventos e da força do mar bravio e temido.
Viver não é uma corrida maluca e nem vai nos dar pódios de aplauso no final, viver é reinventar-se no grupo, ser para o outro, crescer para servir e não para dominar.
De Geração em Geração

Professora, historiadora, coach practitioner em PNL, neuropsicopedagoga
clínica e institucional, especialista em gestão pública.