Amados irmãos e irmãs em Cristo, graça, misericórdia e paz vos sejam dadas da parte de Deus, nosso Pai, e de Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador. Amém.
O tema que hoje nos guia é: “Deus é o meu auxílio”. Esse é o significado do nome Lázaro, que aparece na parábola contada por Jesus em Lucas 16.19-31. Na história do rico e Lázaro, o Senhor coloca diante de nós um contraste profundo entre duas vidas: uma vida de luxo e indiferença e tecnicamente desprezo pelo que sofre e outra de sofrimento e esperança. Cabe lembrar que a ênfase da Parábola não está nos bens, mas no fato da pessoa facilmente se apegar a riquezas e perder a esperança, pois a esperança de quem se apega no vazio dos bens é uma esperança falha que logo mostrará seu cerne existencial. Por sua vez ser pobre e colocar-se como pobre na presença de Deus não significa não ter bens, pois a miséria está pautada na certeza de que nada que venha a ser feito pela pessoa poderá mudar o seu estado miserável perante Deus. É preciso entender que o processo, passa pelo e no fato de que não são as coisas, mas onde você procura segurança. No caso do texto não é exatamente uma parábola, mas é uma excelente ilustração importante do texto de Lucas 6.20-26, que passagem esta que Jesus faz questão de citar quatro caso de felicidade e quatro de infelicidade. Vejamos o texto de Lucas 6.20-26: “(20) Jesus olhou para os seus discípulos e disse: — Felizes são vocês, os pobres, pois o Reino de Deus é de vocês. (21) — Felizes são vocês que agora têm fome, pois vão ter fartura. — Felizes são vocês que agora choram, pois vão rir. (22) — Felizes são vocês quando os odiarem, rejeitarem, insultarem e disserem que vocês são maus por serem seguidores do Filho do Homem. (23) Fiquem felizes e muito alegres quando isso acontecer, pois uma grande recompensa está guardada no céu para vocês. Pois os antepassados dessas pessoas fizeram essas mesmas coisas com os profetas. (24) — Mas ai de vocês que agora são ricos, pois já tiveram a sua vida boa. (25) — Ai de vocês que agora têm tudo, pois vão passar fome. — Ai de vocês que agora estão rindo, pois vão chorar e se lamentar.” E agora em Lucas 16.19-31 (sugestão de leitura na sua bíblia), percebemos que o resultado de uma vida é definitivo no ato da morte e que após a morte física não há o que fazer. Ou estamos com Deus ou longe Dele. Na prática tudo depende ainda colocar a nossa esperança. Onde tens depositado a tua esperança? Pense bem! É com você agora.
Por sua vez quando olhamos para os textos bíblicos designados para este domingo, percebemos que todos eles se unem para nos mostrar que a confiança no dinheiro, no poder ou no conforto humano leva à perdição, mas a confiança no Senhor, que é o verdadeiro auxílio, conduz à vida eterna.
Vejamos: O Salmo 146.1 começa assim: “Aleluia! Que todo o meu ser te louve, ó Senhor!” Depois logo na sequência o Salmista traz uma advertência muito séria: “Não ponham a sua confiança em pessoas importantes, nem confiem em seres humanos, pois eles são mortais e não podem ajudar ninguém. (Salmo 146.1.3)”. A este respeito o profeta Jeremias escrevem em Jeremias 17.5: “O Senhor Deus diz: “Eu amaldiçoarei aquele que se afasta de mim, que confia nos outros, que confia na força de fracos seres humanos.” Também temos o profeta Amós que denuncia os que vivem à vontade, acomodados em luxo, enquanto desprezam os necessitados. Amós 6.1-7, especialmente destacamos o versículo 6: “Bebem vinho em taças enormes, usam os perfumes mais caros, mas não se importam com a desgraça do país.” Outro que exorta é o Apóstolo Paulo, escrevendo a Timóteo, adverte contra a tentação do amor ao dinheiro e exorta à piedade, à fé e à generosidade 1Timóteo 6.6-19. E Jesus, no Evangelho, mostra que a verdadeira riqueza é conhecer e confiar em Deus.
Uma coisa é certa meus irmãos: O que une todos esses textos é uma só verdade: somente em Deus encontramos auxílio e salvação. Este é o testemunho de Lázaro, cujo nome é um sermão em si mesmo: Deus é o meu auxílio. Mas não é qualquer Deus é o Deus bíblico. O ser humano pode criar deuses, mas tudo é loucura, pois não existe Deus vivo se não for o Deus bíblico.
É preciso que tenhamos cuidado com falso auxílio do mundo e suas ilusões: Isso pelo fato que vivemos num mundo que constantemente nos apresenta falsos auxílios, seja a ideia de que faça isso e o sucesso virá, ou simplesmente por líderes religiosos que ensinam o povo a buscar riquezas como sinal de bênção e garantias perante Deus, essa ideia está cheia nas igrejas novas que são na verdade expressões de distúrbio teológico e engano. Por exemplo: As propagandas prometem felicidade com bens materiais, o mercado financeiro promete segurança, a política promete soluções definitivas. Tudo isso pode até ter sua utilidade passageira, mas não pode salvar.
O salmista é claro: “Não confiem em príncipes, nem nos filhos dos homens, em quem não há salvação” (Salmista 146.3). A razão é simples: “o fôlego deles se vai, e eles voltam ao pó; nesse mesmo dia, perecem todos os seus planos” (v. 4).
Na parábola de Jesus, o homem rico confiava nesse falso auxílio. Vestia-se de púrpura e linho finíssimo, banqueteava-se todos os dias, vivia em luxo constante (Lc 16.19). Mas toda essa segurança era apenas aparência. Bastou a morte chegar para que ficasse evidente a falência de sua confiança. A riqueza não o acompanhou, nem o protegeu da condenação.
Amós, o profeta da justiça social, já denunciava isso séculos antes: “(4) Ai de vocês que gostam de banquetes, em que se deitam em sofás luxuosos e comem carne de ovelhas e de bezerros gordos! (6) Bebem vinho em taças enormes, usam os perfumes mais caros, mas não se importam com a desgraça do país. (Amós 6.1.4,6)”. O problema não era a riqueza em si, mas a indiferença, a cegueira espiritual, o comodismo diante do sofrimento do próximo e a confiança nas próprias posses. (Mas ainda bem que hoje é diferente (contém muita ironia))
Eis um perigo atual também. Paulo alertou Timóteo e nós também, ao dizer: “9Porém os que querem ficar ricos caem em pecado… (10) Pois o amor ao dinheiro é uma fonte de todos os tipos de males. E algumas pessoas, por quererem tanto ter dinheiro, se desviaram da fé e encheram a sua vida de sofrimentos.” (1Timóteo 6.9-10).
Queridos irmãos, precisamos ser sinceros: quantas vezes nós mesmos buscamos auxílio onde não há? Quantas vezes pensamos que, se tivermos dinheiro suficiente, teremos paz? Quantas vezes depositamos esperança em políticos, em médicos, em patrões, em nossos próprios braços, esquecendo que são pó como nós? Tudo isso é ilusão. É como construir casa sobre a areia. O mundo promete, mas não cumpre. O rico da parábola descobriu isso tarde demais. Por isso Jesus coloca diante de nós a figura de Lázaro, cujo próprio nome já proclama: “Deus é o meu auxílio”.
Então qual é o verdadeiro auxílio? Vejamos – Se o auxílio do mundo é falso e passageiro, qual é o verdadeiro auxílio? O Salmo 146 responde: (5) Feliz aquele que recebe ajuda do Deus de Jacó, aquele que põe a sua esperança no Senhor, seu Deus, (6) …. O Senhor sempre cumpre. (Sl 146.5-6)”.
O verdadeiro auxílio não está em coisas criadas, mas no Criador. Ele é fiel. Ele não morre, não falha, não decepciona. E mais ele diz: “(13) Eu sou o Senhor, o Deus de vocês; eu os seguro pela mão e lhes digo: ‘Não fiquem com medo, pois eu os ajudo.’ (Isaías 41.13)”. Deus se inclina para os pequenos, os fracos, os pobres, os aflitos de coração.
Veja como o salmo continua: “(7) ele julga a favor dos que são explorados e dá comida aos que têm fome. O Senhor Deus põe em liberdade os que estão presos 8e faz com que os cegos vejam. O Senhor levanta os que caem e ama aqueles que lhe obedecem. 9O Senhor protege os estrangeiros que moram em nossa terra; ele ajuda as viúvas e os órfãos, mas faz com que fracassem os planos dos maus. Salmo 146.7-9)”.
Um ponto importante: Quem é o Lázaro da parábola? Um homem pobre, doente, cheio de feridas, largado à porta do rico. Ninguém o ajudava. Ninguém lhe dava pão. Somente os cães lhe ofereciam um mínimo de compaixão. Mas, ainda assim, o seu nome testemunhava: Deus é o meu auxílio.
E de fato, Deus foi seu auxílio. Quando morreu, foi levado pelos anjos para o seio de Abraão. Ele não foi esquecido. Ele não foi abandonado. O Senhor o amparou. O contraste é gritante: o rico, antes cercado de honras, agora está em tormento; Lázaro, antes humilhado, agora é consolado.
Esse auxílio se concretiza de forma plena em Jesus Cristo. Ele é o Deus que se fez pobre por nós, para nos enriquecer com sua graça. Como Paulo escreve em 2 Coríntios 8.9: “Porque vocês já conhecem o grande amor do nosso Senhor Jesus Cristo: ele era rico, mas, por amor a vocês, ele se tornou pobre a fim de que vocês se tornassem ricos por meio da pobreza dele.”
Cristo é o auxílio dos pecadores, dos pobres em espírito, dos que não têm nada a apresentar diante de Deus. Na cruz, Jesus se tornou como Lázaro: despojado, ferido, desprezado, abandonado. Mas foi justamente ali que o auxílio de Deus se manifestou de forma mais poderosa: carregando nossos pecados, Ele nos abriu as portas do céu.
Por isso o chamado para viver confiando nesse auxílio, em fé e amor. Pois, diante dessa verdade, como devemos viver? Paulo dá a resposta a Timóteo, ele diz: (11) Mas você, homem de Deus… Viva uma vida correta, de dedicação a Deus, de fé, de amor, de perseverança e de respeito pelos outros. (12) Corra a boa corrida da fé e ganhe a vida eterna. Pois foi para essa vida que Deus o chamou…” (1Timóteo 6.11-12). O chamado é claro: não confiar nas riquezas, mas em Deus. Não buscar auxílio em ídolos, mas naquele que nos socorre em Cristo.
E isso tem consequências práticas. Paulo continua: “Ordene aos ricos do presente século que não sejam orgulhosos, nem depositem a esperança na instabilidade da riqueza, mas em Deus, que tudo nos proporciona ricamente para nossa satisfação. Que pratiquem o bem, sejam ricos de boas obras, generosos em dar e prontos a repartir” (1Tm 6.17-18). Ou seja, confiar em Deus como auxílio nos liberta da escravidão do dinheiro e nos abre para o próximo. O rico da parábola falhou nisso. Ele poderia ter sido instrumento do auxílio de Deus para Lázaro. Mas fechou os olhos.
Isso não significa que seremos salvos por nossas obras. NÃO! EM HIPÓTESE ALGUMA! A salvação é somente pela graça, mediante a fé em Cristo. Mas significa que, tendo recebido o auxílio de Deus em Cristo, agora somos chamados a viver em gratidão, sendo auxílio uns para os outros.
Jesus termina a parábola com um alerta. Esse alerta para nós neste dia, Jesus diz: “Se eles não escutarem Moisés nem os profetas, não crerão, mesmo que alguém ressuscite. (Lucas 16.31)”. O auxílio de Deus já está revelado na sua Palavra. Já está oferecido em Cristo. Não há desculpas. Hoje é o tempo de ouvir, crer e viver. Não confiem em riquezas, em príncipes(políticos), em auxílios falsos que perecem. Confiem no Senhor, que é fiel, que liberta, que salva. Cristo é o nosso auxílio. Nele temos perdão, vida e salvação.
E, tendo nós, mediante Cristo já recebido esse auxílio, sejamos também auxílio para o próximo, vivendo em fé e amor, aguardando a vida eterna.
Assim, quando chegar o nosso último dia, poderemos descansar na mesma certeza de Lázaro: Deus é o meu auxílio, agora e para sempre. Amém!
DEUS É O MEU AUXÍLIO (O NOME DE LÁZARO)

Pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil em Macapá – Congregação
Cristo Para Todos; também atua como Missionário em Angola e Moçambique